10 Julho 2022      20:25

Está aqui

A cura

Apertou e gritou. Suplicou e chorou. Deu a volta ao meu corpo e encontra-se perdido dentro do mesmo sem rasto.

Salgadas e quentes. Irrequietas e seguindo direções opostas, queimam sob o meu rosto melancólico.

Fechada e a arder. É acompanhada de sentimentos de medo e de mão trémulas.

Caí e dói. Há sangue. Há dor. Há paz invisível.

Permaneço caída a ouvir os sons e as sensações que eu mesma transmito.

Existem memórias espalhadas ao meu redor, junto de lembranças que ardem e pensamentos cortantes. Há anos ao meu redor e deito a minha cabeça no chão.

O som do desespero nunca mais foi o mesmo. A cor da angústia tornou-se sufocante. E aqui estou eu. O “típico brilho dos olhos” desapareceu. E aqui estou eu.

Um futuro destruído afoga-se à minha volta, deixando-me sem ar. Um desejo em vão. Um amor impossível. Como uma tatuagem, acompanhará sempre todos os meus passos.

No meio da esperança, perdi-me. Entre palavras, corri para perto. Com o peso da desilusão, ergui-me e, em plenos pulmões, emito o grito mais alto que me é permitido. Com toda a força que desliza sob cada parte do meu corpo, levanto-me. Determinada, limpo restos de lágrimas já frias que outrora me abraçavam.