6 Maio 2016      15:04

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"A CRISTINA FAZ" NO ALENTEJO

É natural de Lagos, tem 31 anos e chama-se Cristina Viana mas também é conhecida por A Cristina Faz, precisamente por fazer muitas variadas coisas em suportes e formatos diferentes, desde ilustração, design gráfico, vídeo, animação, retratos, exposições, desenho ao vivo, etc. Fomos conhecer esta jovem algarvia a viver em terras alentejanas desde 2001... A ela e aos inúmeros projetos em que está envolvida. Conheça a sua vertente multifacetada em https://www.facebook.com/acristinafaz/

Tribuna Alentejo – Em que circunstâncias é que vieste morar para Évora? O que te levou a ficar?

Cristina Viana – Entrei na Universidade em Évora, depois fui embora, depois voltei para fugir da Praia da Rocha.

 

Tribuna Alentejo – Se a página “A Cristina Faz” pudesse funcionar como uma montra daquilo que fazes, poderíamos dizer que és multifacetada. Em que área/s gostas mais de “estar”?

Cristina Viana – Primeiro é preciso ter atenção que há uma difícil, necessária e rigorosa gestão de tempo no “fazer”. Tomemos como exemplo o tempo para a elaboração de um cartaz (mas podia ser outra coisa qualquer, das que me são requisitadas):  70% desse tempo corresponde a uma navegação absolutamente derivatória, maioritariamente pela internet, onde vejo as notícias mais recentes das estrelas da pop (escândalos, trends, et.c), onde oiço e leio letras de músicas de hip hop que me parecem interessantes, para utilizar para qualquer coisa, onde vejo e guardo imagens de filmes que vão de hollywood aos de série B, mais frases power ditas nos mesmos e eventualmente posso pesquisar em que ano nasceu o/a actor/actriz x ou y, mais um vídeo aleatório que possa parecer engraçado, uns oito ou nove gifs, dos quais seleciono um ou dois para mostrar ao  Paulo, recordo e aponto palavras e/ou críticas de amigos ou de ex-namorados, vejo se o James (Franco) tem alguma coisa nova ou falo com ele ao telefone um bocado, etc.; 5% do tempo corresponde a um exercício aparentemente inútil de abrir o photoshop, criar um novo ficheiro, fazer um primeiro esboço com linhas e cores, criar um outro e fazer um outro esboço completamente diferente do primeiro e fechar o photoshop sem guardar nenhum deles; depois 15% do tempo é uma fase de negação, em que acho que não vou ter ideias para fazer o cartaz, com algum receio de me voltar a sentar em frente ao computador e não sair nada e então tento afastar-me, distrair-me com os cães, beber cafés com amigos, ir às compras, etc.; 5% do tempo é utilizado numa pesquisa mais objetiva de imagens que possam auxiliar-me no exercício de criação do cartaz e os restantes 5% correspondem à elaboração efetiva do cartaz.

Portanto, depois, existe o tempo e o espaço entre um cartaz e outro, e nesse tempo/espaço eu vou pegar em tudo o que fiz/guardei/retive dos tais 70% do tempo e fazer arte (que não me é requisitada)... Essa é a área onde mais gosto de estar.

Tribuna Alentejo – Tens formação na área da ilustração?

Cristina Viana – Não.

 

Tribuna Alentejo – Fala-nos um pouco da tua incursão pelo mundo da arte/cultura. Sempre foi assim desde que eras criança?

Cristina Viana – Não, quando era criança só queria brincar, andar de bicicleta, ver televisão, comer bolo da minha avó e rir. Agora é igual, só que sei desenhar muito melhor e mexer em mais aparelhos tecnológicos.

Tribuna Alentejo – Em que projetos estás atualmente envolvida?

Cristina Viana – Má Cara (projeto pessoal)- atelier ambulante de maus retratos, por várias zonas e eventos; trabalho e amor com a Pointlist (projeto coletivo - agência/produtora de Évora)  em tudo o que é material gráfico e produção de eventos; Há Lobos Sem Ser na Serra (projeto coletivo) - música e desenho digital; RGBitches (projecto coletivo) - uma exfoliação visual e auditiva; Condomínio Évora (projeto colectivo) - Festival de cultura em espaços habitacionais; Qer Dier (projeto coletivo - banda) com efeitos visuais; designer há mais de 2 anos na Sociedade Harmonia Eborense; TALK TO ME WHEN YOU’RE JAMES FRANCO (projecto pessoal) recolha intensiva de imagens, fotomontagem em t-shirts de famosos, etc, etc; last but not least Lacrimojenga (projeto colectivo com S. Paulo) er… são cenas.

 

Tribuna Alentejo – Que mensagens transmitem as tuas ilustrações?

Cristina Viana – O que elas transmitem eu não sei, porque opero como locutor e não como recetor.

Tribuna Alentejo – Quais são os maiores desafios com que se deparam os jovens da tua geração, sobretudo numa região como o Alentejo?

Cristina Viana – O calor e o frio. As casas são terríveis, sobretudo no Alentejo.

 

Tribuna Alentejo – Até onde gostarias que a tua ilustração te levasse?

Cristina Viana – Gostava de fazer uma exposição coletiva com o James em Nova Iorque ou numa cidade qualquer, ou, segunda opção, uma exposição ou um projecto qualquer com o David Shrigley, que é um dos meus artistas preferidos.

Tribuna Alentejo – Queres deixar alguma mensagem aos nossos leitores mais jovens?

Cristina Viana – Usem preservativo e evitem fast food.