20 Outubro 2020      11:11

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Covid-19: Desta vez, tocou-nos de perto!

Sabíamos que este dia ia chegar, mais cedo ou mais tarde. Mas quando a desgraça nos toca de perto, dói com mais intensidade. Vila Viçosa vive dias difíceis.

Infelizmente, foram os nossos que acabaram por ficar doentes ou isolados, à espera de respostas. Quando o mal está longe, sofre-se de outro modo.

Estávamos preparados para o que está a acontecer? Provavelmente não… Mas quem estava, desde que tudo começou?! O que importa agora é dar respostas cabais e tentar acudir a todos. É isso que seguramente está a ser feito!

A situação é de tal modo caótica, dadas as suspeitas de casos, que provavelmente, não se irá conseguir responder a tudo e a todos no tempo que seria desejável. As solicitações são muitas. No entanto, tudo está a ser feito para proteger quem mais precisa.

A tarefa não é fácil, mas há que arregaçar as mangas e dar a cara, sempre que necessário. Quem está no terreno a trabalhar em prol da comunidade e dos doentes, sabe do que falo. Uma palavra de reconhecimento para essas mulheres e esses homens que não viram a cara à luta, em nenhuma circunstância!

Estamos, nos dias de hoje, a ser postos à prova, mais do que nunca. E temos a obrigação, embora não sendo nada fácil, de ser cada vez mais resilientes. Tudo o que infelizmente hoje vivemos veio demonstrar-nos que as prioridades, no futuro, devem e têm necessariamente que ser outras. Há que fazer outras apostas e definir outras metas. Essa reflexão conjunta da sociedade, no sentido lato, é inevitável.

Lamentavelmente, este estranho vírus deixou também a  descoberto  ódios, ressentimentos, injustiças e muita ignorância. Agora, muitas vozes críticas, no conforto do sofá, pedem responsabilidades e apontam o dedo, atirando as culpas para tudo e para todos, muitas vezes sem argumentos válidos, porque a desgraça nos bateu à porta. Haverá tempo para refletir sobre o tema, sem precipitações.

Seguramente haverá ilações a tirar, mas o importante agora, na minha opinião, é apoiar quem está na linha da frente, a tentar resolver os problemas e a acudir aos mais necessitados.

O que hoje vivemos pode ser um reflexo e uma constatação de que, na vida, nada está garantido. Talvez o paradigma tenha que mudar e essa pode ser a grande lição desta enorme tragédia global que nos está a assolar e cujo fim parece não estar à vista.

Mas, repito, quando nos bate à porta, o sentimento é mais doloroso…

Talvez um dia, ainda que distante, depois de tudo isto passar, sejamos obrigados a olhar com outros olhos para aquilo que realmente importa. A vida, tal como a conhecíamos, mudou substancialmente e não voltará a ser igual.

Uma "revolução de valores" é inevitável, por muito que haja resistência a essa mudança. É preciso mais solidariedade, compreensão e tolerância. Temos essa aprendizagem ainda por fazer.

Teremos que nos adaptar às novas circunstâncias e fazer os possíveis para tentar salvaguardar a nossa saúde e a dos que nos rodeiam. É um esforço que terá que ser interiorizado e partilhado por todos.

 Não nos resta alternativa senão encarar com coragem estes novos tempos. O passado ensina-nos que a história da Humanidade está repleta de episódios em que as sociedades foram postas à prova, por vezes com um elevado preço que foi pago com sangue, lágrimas e superação.

Hoje, penso que o que devemos exigir é responsabilidade a todos e ações concretas a quem de direito, nomeadamente aos políticos, responsáveis da proteção civil e agentes de saúde pública, sem atirar culpas a ninguém. Em última instância, todos somos culpados. Agora, há obrigações a cumprir por todos nós, de modo a minimizar os efeitos desta situação. Sejamos prudentes e ajudemos quem precisa.

Mais do que apontar o dedo, importa definir qual o contributo individual que cada um de nós pode aportar para melhorar as respostas e atenuar as consequências.

É preciso dar as mãos e enfrentar este desafio, com toda a coragem possível.