25 Novembro 2022      12:35

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Convento do século XVI já recebe hóspedes em Évora

Um edifício histórico do século XVI, situado na cidade de Évora, passou recentemente a alojamento local e está a receber hóspedes desde o passado mês de agosto.

Trata-se, como explica a NiT, do Convento do Bom Jesus de Valverde onde, em tempos, estiveram alguns monges da Ordem Capucha, que trabalhavam naquele local quando ali ficavam por ocasião das suas peregrinações. Foi durante a sua permanência ali que procederam à plantação de plantas não autóctones e à criação de um jardim botânico, que ainda hoje existe e pode ser visitado.

A propriedade, com oito hectares, acabou por cair no esquecimento com o passar do tempo, embora a Universidade de Évora faça uso de uma parte dela para os seus laboratórios e trabalhos de investigação. No entanto, não podendo a Universidade proceder à requalificação de que aquele local necessitava, esta acabaria por acontecer graças a Sadik Ali, um empreendedor de 41 anos.

Sadik Ali e o seu pai, que já tinham um hotel de 4 estrelas, o Sweet Atlatic Hotel & Spa, na Figueira da Foz, de onde Sadik é natural, entraram num concurso do Estado com o objetivo de renovar a Herdade da Mitra.

“Viemos dinamizar uma propriedade que, na verdade, estava abandonada há algum tempo e estava a precisar de alguma atenção”, contou Sadik à NiT.

Foi a Quinta do Paço de Valverde que deu origem a esta herdade, que foi criada no princípio do século XVI pela diocese de Évora e que se destinava ao descanso e ao retiro dos cardeais e dos arcebispos. Da propriedade, onde também foi construído o Paço Episcopal, ainda fazem parte alguns dos edifícios originais e parte de uma fonte, que pode ser encontrada no Páteo Matos Rosa.

Mais tarde, viria a ser construído o Convento do Bom Jesus de Valverde, por ordem do Cardeal-Rei D. Henrique, que fundou a Universidade de Évora, no ano de 1559. Na altura, a construção serviria para acolher monges da já referida Ordem Capucha. Hoje em dia, pode receber todos os que aí queiram ficar hospedados.

Embora Sadik ainda se encontre a aguardar que a autarquia autorize a requalificação de toda a propriedade, o primeiro projeto já arrancou. Trata-se de um alojamento local, chamado O Conventinho, que procura misturar o passado com o futuro.

Foi quando uma parte da equipa da Figueira da Foz se deslocou até ao Alentejo que o projeto teve início, abrindo portas em agosto.

O Conventinho conta com nove quartos, que ainda têm algum do mobiliário que lá estava - essencialmente móveis feitos à mão e típicos da região alentejana. Já as janelas, as portas e as tubagens foram alvo de obras, para serem melhoradas.

As características dos quartos também são semelhantes àquelas que existiam na altura em que os monges lá se encontravam, uma vez que são marcados pela simplicidade, têm portas pequenas e não dispõem de televisão, de forma a que os hóspedes possam desfrutar do espaço sem distrações.

“Os monges eram pequenos e não precisavam de portas muito grandes. Os quartos eram modestos porque eram utilizados apenas para dormirem durante as peregrinações”, explica ainda o empreendedor à NiT.

Este alojamento tem ainda uma sala de estar, uma sala de pequenos-almoços e uma capela de dimensões inferiores a 20 metros quadrados, que Sadik descreve como “uma obra de arte espetacular, com tetos bonitos e uma porta de madeira com 500 anos”.

Quem ali ficar hospedado pode ainda aproveitar para dar um passeio pelo jardim botânico, durante o qual poderá apreciar as oliveiras e outras árvores centenárias que ali se encontram e fazer uma visita a duas outras capelas daquela quinta.

Embora o projeto esteja quase concluído, os responsáveis querem ainda acrescentar uma piscina exterior, um restaurante e uma loja de conveniência, isto devido à proximidade de um polo da Universidade e à pouca oferta deste tipo de serviços naquela zona.

Para o futuro, estão ainda previstas mais alterações, como a requalificação dos apartamentos do Páteo Matos Rosa e a construção, através do recurso a materiais sustentáveis e locais, de bungalows destinados essencialmente a casais.

O turismo holístico é outro dos objetivos deste projeto, que, no futuro, poderá receber workshops e encontros de yoga.

Também poderão ser ali realizados eventos de maiores dimensões, como casamentos ou batizados.

Atualmente, os preços começam nos 75€ por noite e as reservas podem ser feitas online.

 

Fotografia de nit.pt