26 Dezembro 2016      12:21

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COMO CONSTRUIR UMA CIDADE PARA TODOS?

Pensando a cidade como um bem comum.

Celebrar a ideia de cidade como bem comum significa conceber novas e eficazes estruturas que possam tornar todos os cidadãos visíveis, de forma a que todos tenham um papel legítimo na participação da vida da cidade e exponham abertamente as suas reivindicações morais e políticas. Para que todos representem poder e tenham acesso ao que necessitam. Como podemos então construir uma cidade que se baseie no pensamento compartilhado? 

A cidade é um sistema extremamente complexo. Há que tentar compreender todos os seus desafios e revelar o potencial emancipatório escondido dentro dos muros dos nossos mundos urbanos. Um bem comum é um recurso de cuja utilização ninguém pode ser excluído. Assim, a gestão de um bem comum deve ser compartilhada. Entendendo a democracia como um sistema de partilha de conhecimento, a mudança é feita num espaço de encontro de cultura e participação por um conjunto de individualidades cujas diferenças geram uma potência.  Uma possível resposta a esta necessidade, coloca os projectos artísticos numa posição estratégica para o crescimento e desenvolvimento da comunidade. O envolvimento das artes na vida da cidade produz uma visão alternativa da cidade e novas formas de a abordar e discutir.

O chamado "urbanismo criativo" atribui a artistas e outros produtores culturais um papel de liderança na transformação criativa da cidade. Os artistas não só produzem a transformação, mas também servem de modelo para todos os outros grupos sociais urbanos.

A arte e a cultura são formas participativas, dinâmicas e sociais do comportamento humano. A arte tem a capacidade de desencadear reflexão, gerar empatia, criar diálogo e promover novas idéias oferecendo uma forma poderosa e democrática de expressar, compartilhar e formar valores. As artes desempenham um papel central na vida das cidades mais vibrantes e todas as iniciativas merecem atenção, mesmo as promovidas por artistas não profissionais, principais promotores da auto-expressão popular.

Estará na altura de equacionar a relação das artes e a nossa esfera pública.

Há sinais proeminentes de contestação que podem ler-se nos esforços dos moradores da cidade em reivindicar bens urbanos importantes -  parques, prédios abandonados, lotes vagos, instituições culturais, ruas e outras infra-estruturas urbanas - como recursos coletivos ou compartilhados. A concretização consensual de projectos públicos para todos deve ser considerada à luz de uma perspectiva compartilhada.

Imagem de capa de Ana Franco