- Por favor, para. - Suplico entre dentes.
Não quero que pare, na realidade. Quero que continue porque é este resto que me mantém viva. E eu quero sentir-me viva; pelo menos, desta maneira. Da maneira que ele sabe tocar-me sem usar mãos, canções e cheiro. E isso tem a sua magia.
Está tudo tão implícito e deixo-me ficar pelos impulsos. Impulsos estes que me salvam hora após hora a contar os segundos; à espera de nada, dando à ansiedade passe direto para os cantos mais escondidos do meu leve e delicado corpo.
- Onde estás? - Questiono agora. Um pouco desesperada por não ver o branco no preto.
Quero encontra-lo. Outra e outra vez. A carga que tem é demasiada, só precisava de um toque para me trazer de volta. Para relembrar e cair de novo e de novo sem ter uma conclusão.
Com recurso da metáfora, pronunciou-se o sol numa noite de lua cheia, no quente e nas estrelas. Num castelo tão iluminado quanto o brilho dos meus olhos - palavras suas. A queda foi tão alta e adivinhem: eu, sem paraquedas.
Sussurrou-se abrigo e ele nem sonha que é o meu.
Cantaram-se promessas e sou recebida num vazio, tornando-se mais profundo dia após dia. Sentindo a falta de um coração quente e de uma mente brilhante. Nunca antes construída.
Dou por mim a suspirar. Desde a ponta dos meus pés até outra ponta da cidade. Está tudo tão frio e clamo que o calor me o traga de volta. Junto dos braços com mil e uma histórias e de uns lábios melódicos.
Entre colcheias e semibreves, sonho acordada. Na história mais bonita que construíra.