23 Abril 2016      09:17

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CERVANTES E SHAKESPEARE - 400 ANOS DEPOIS

Miguel de Cervantes Saavedra é um autor que desperta curiosidade; poucos existirão, na literatura mundial, que tenham deixado marca tão profunda na literatura e no entanto permaneçam menos conhecidos que o herói que criaram, no caso o “ingenioso Hidaldo D. Quijote de La Mancha”. Esta obra é considerada o primeiro romance moderno e é um clássico da literatura mundial.

A influência desta obra e do trabalho de Cervantes é de tal modo importante que dá nome ao instituto estatal espanhol responsável pela difusão, promoção e ensino da língua espanhola pelo mundo.

Nascido em Alcalá de Henares (Espanha) a 29 de setembro de 1547, Cervantes era filho de um cirurgião.

Aos 22 anos – após ferir outro homem num duelo – foge para Itália e poucos anos depois, na Batalha de Lepanto - um conflito naval que representou o fim da expansão islâmica no Mediterrâneo – ficou com a mão esquerda inutilizada – é difícil não estabelecer um paralelismo com o nosso Camões.

Esteve 5 anos em cativeiro após ser capturado por piratas argelinos e em 1581 chega a Lisboa, onde viveu dois anos. Após voltar a Castela casou e foi viver para La Mancha, dedicando-se ao teatro.

Em 1585 publicou “La Galatea”, o seu primeiro livro de ficção, e, em 1597, já preso começou a sua obra prima “Dom Quixote de La Mancha”, que viria a ser publicado em 1605, surgindo a segunda parte somente em 1605.

Em 1616, Cervantes morre por causa da diabetes.

Com o passar dos séculos foi-se gravando a ideia de que Cervantes e outro génio da literatura mundial teriam morrido no mesmo dia. Esse outro génio era William Shakespeare.

No entanto, à época em que estes dois escritores viveram, a Grã-Bretanha regia-se por um calendário diferente, o calendário juliano, pelo que 23 de abril, no calendário atual – e utilizado já à época em Espanha - o gregoriano, esta data corresponde a 3 de maio, dez dias de pois de Cervantes.

No entanto, nem este facto belisca a “magia” em torno destes dois enormes ícones da literatura mundial, pois nãos encontram registos de algum deles e há a certeza de terem mesmo desaparecido documentos sobre eles.

Não há registo de, apesar de coincidirem no tempo, terem coincido no espaço, ainda assim, as semelhanças entre as obras de ambos são notórias, quer ao nível técnico, quer da mensagem de ideais elevados que transmitem, quer no modernismo e inovação que os estilos apresentados por ambos representavam para a época.

Shakespeare nasceu em 1564, numa família abastada, na localidade inglesa de Stratford-upon-Avon e aos 25 anos escreveu a primeira de 36 peças.

Frequentemente chamado "Bardo”, além das referidas peças, estimam-se cerca de 154 sonetos e inúmeros outros versos e poemas.

Casado com Anne Hathaway, foi um homem bem-sucedido como ator, escritor e proprietário da companhia de teatro Lord Chamberlain's Men (posteriormente King's Men).

Entre 1590 e 1613 terá produzido grande parte das suas obras como Hamlet, King Lear ou Macbeth. Mas o seu espólio não fica por aqui e peças como “O Mercador de Veneza”, “Romeu e Julieta”, “A Tempestade” ou “Sonho de uma noite de verão”.

Morreu em 1616, mas a sua vasta e considerada obra tornou-o imortal; quem não se lembra da sua célebre deixa em “Hamlet”: “Ser ou não ser, eis a questão: será mais nobre / Em nosso espírito sofrer pedras e flechas / Com que a Fortuna, enfurecida, nos alveja, / Ou insurgir-nos contra um mar de provocações / E em luta pôr-lhes fim? “