19 Outubro 2022      10:15

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Centro de Regadio defende mais barragens e perímetros de rega

Gonçalo Morais Tristão, presidente da direção do Centro Operativo e de Tecnologia de Regadio (COTR), defende a construção de mais barragens e obras em perímetros de rega públicos mais antigos, para evitar “desperdícios grandes” de água para a agricultura.

Em declarações à agência Lusa, o também vogal da direção da Federação Nacional de Regantes (FENAREG) disse ainda que, “se calhar é preciso, com estas alterações climáticas, fazer algumas barragens em alguns sítios, para represar a água, para que ela depois possa ser aproveitada, nomeadamente na agricultura”.

O responsável falava à margem do IX Congresso Nacional de Rega e Drenagem, organizado pelo COTR, em parceria com várias entidades públicas e privadas, a decorrer no Instituto Politécnico de Beja.

Gonçalo Morais Tristão afirmou ainda que “o agricultor está cada vez mais sensibilizado” para a poupança de água. “Os agricultores são quase as primeiras pessoas a sentir as consequências das alterações climáticas, nas suas culturas e nas suas explorações, e, portanto, eles sempre perceberam as alterações climáticas e têm-se adaptado ao longo dos tempos”, realçou.

Para o presidente do COTR, centro sediado em Beja e cujos técnicos têm ajudado os agricultores a tornar mais eficientes os seus sistemas de rega, “as alterações climáticas já existem”, pelo que o que é necessário é “usar eficientemente a água”.

“Mas também é preciso percebermos, e isto são dados do Plano Nacional da Água de 2016, da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), que, em ano húmido, as afluências de água a todo o país são 10 vezes mais do que todo o gasto dos portugueses, seja na agricultura, no turismo, no consumo urbano e no industrial”, indicou.

O mesmo responsável salientou que, “mesmo em ano seco, como o atual, as afluências são quatro vezes mais do que os consumos, ou seja, até há água, mas é preciso ter um uso eficiente da mesma e ter atenção aos recursos hídricos”.

Adicionalmente, Gonçalo Morais Tristão defendeu que a eficiência dos sistemas de rega dos agricultores, sobretudo a sul do Tejo, melhorou “consideravelmente” nos últimos anos, graças à medida do Uso Eficiente da Água, inscrita no Programa de Desenvolvimento Rural (PDR).

“Os agricultores que se inscreviam tinham alguns compromissos em termos de rega e tinham que ter determinado tipo de poupança e usar determinados equipamentos e o COTR era uma das entidades que controlava esses compromissos e verificava os sistemas de rega”, relatou.

A medida, “apesar de ser nacional, vingou mais a sul do Tejo” e o COTR teve sob sua responsabilidade “uma boa parcela” de agricultores no Alentejo, sobretudo na área do Empreendimento de Fins Múltiplos do Alqueva (EFMA), mas também “agricultores do Sorraia (distrito de Santarém) e o perímetro de rega da Idanha-a-Nova (Castelo Branco)”.

Note-se que o COTR é um centro sediado em Beja desde 1999 para ajudar a transformar a agricultura de sequeiro em regadio, aquando da construção do Alqueva, e reconhecido pelo Ministério da Agricultura, desde 2018, como Centro de Competências para o Regadio Nacional.

O fórum de debate decorre até quinta-feira e tem como tema “A Sustentabilidade do Regadio - Desafios e Oportunidades”, incluindo mesas-redondas com especialistas, convidados, apresentação de projetos de investigação aplicada e outras iniciativas.

 

Fotografia de radiopax.com