9 Maio 2018      19:06

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Celebrar o Dia da Europa: mais que uma formalidade, uma necessidade!

Hoje celebra-se o Dia da Europa, o dia do nosso projeto comum europeu, dia em que Robert Shuman, ministro francês dos Negócios Estrangeiros em 1950, profere um discurso que dará origem ao que hoje conhecemos como União Europeia.

Para mim, é um dia que, indiscutivelmente, merece ser celebrado, recordando a importância que teve, e tem, para a manutenção da paz na Europa, para a promoção da democracia e dos direitos humanos, para a abertura ao outro e para a aproximação dos povos, para o desenvolvimento económico, modernização e inovação nos países, para a criação de oportunidades para os jovens e os estudantes, mas também para a coesão social e territorial.

É sobretudo um dia que merece ser celebrado pensando no futuro que queremos deixar aos nossos filhos, e esse futuro deve ser de partilha, de solidariedade, de democracia e de justiça entre os povos europeus.

Desde há vários anos que trabalho com projetos e fundos europeus, tendo a oportunidade de desenvolver várias iniciativas de cooperação com distintas instituições de diversos países europeus, em temas tão distintos com a cultura ao voluntariado, o desenvolvimento económico ao ambiente, a formação de adultos à inovação, entre outros.

Acompanhei algumas transformações nesses países, vi a importância que estes e outros projetos tiveram para suas regiões e, sobretudo, para as suas populações. Vi os efeitos diretos na aprendizagem e na abertura da mentalidade, na inspiração e na inovação, na resolução de problemas concretos no desenvolvimento e concretização de ideias.

De entre estes projetos onde participei destaco um realizado em parceria com a Fundación Ciudadania, da Extremadura Espanhola, já lá vão 10 anos, o Projecto EuroActivos.

Esta foi uma iniciativa que surgiu no âmbito do Plano D lançado pela Comissão Europeia após franceses e holandeses terem rejeitado a Constituição Europeia. O Plano D, assim chamado pelo seu objetivo de promover o Debate, o Diálogo e a Democracia, apelava à escuta ativa e ao debate junto dos cidadãos europeu visando criar um novo consenso sobre o futuro da União Europeia.

O Projeto que refiro, o EuroActivos, envolvia jovens do ensino secundário no debate dos grandes temas europeus, promovendo a partilha de informação e o debate estruturado através de diferentes metodologias. Durante alguns anos (2008 a 2011), envolvemos várias centenas de jovens, Alentejanos e Extremenhos, em workshops, intercâmbios, visitas e debates sobre estes temas, contribuindo decisivamente para uma visão mais informada e critica sobre a União Europeia. Alguns deles participaram ainda em visitas às principais instituições europeias sedeadas em Bruxelas, tendo a oportunidade conversar com eurodeputados portugueses e espanhóis.

Foram momentos marcantes para estes jovens, conforme tenho tido a oportunidade de confirmar quando reencontro alguns deles e me testemunham isso mesmo, estando crente que encaram agora o projeto Europeu também como deles, compreendendo melhor a sua enorme mais valia e participando mais ativamente.

É por isso fácil de concluir a importância de criar políticas e instrumentos para envolver, informar, esclarecer, partilhar e debater o projeto Europeu junto das novas gerações, se queremos uma Europa mais forte, justa, coesa e verdadeiramente apropriada pelos seus cidadãos no futuro.

A complexidade social, política e económica à escala europeia, e mundial, associada a movimentos extremistas, eurocéticos e outros interesses menos positivos, necessitam que a Europa se preocupe em relembrar e renovar os valores europeus nas novas gerações.

Apesar dos desafios que enfrenta, dos erros que possam ter sido cometidos, das melhorias que continua a precisar, o Projeto Europeu deve por isso ser celebrado por tudo o que atrás referi e por muito mais que havia por referir.

Recordo as palavras de Robert Shuman: a Europa não se fará de uma só vez, nem de acordo com um plano único. Far-se-á através de realizações concretas que criarão, antes de mais, uma solidariedade de facto.

Cabe-nos a nós, Cidadãos Europeus, comprometermo-nos verdadeiramente com este projeto, participar e exigir, e fazer deste um projeto que melhor sirva todos os povos europeus com base em valores fundamentais da dignidade humana, da liberdade, da democracia, da igualdade, do Estado de direito e do respeito pelos direitos do Homem.