25 Junho 2024      11:11

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Ceifa de aveia no Baixo Alentejo salvaguarda aves estepárias

A ceifa de aveia em zonas de apoio rural no Baixo Alentejo, autorizada desde dia 17 de junho, decorre “em linha” com “os períodos acordados em anos anteriores”, existindo medidas de salvaguarda das aves estepárias.

A informação é adiantada pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) que, em comunicado citado pela Lusa, referiu que, normalmente, a data de autorização de ceifa de aveia “dos aderentes do apoio zonal de Castro Verde, Vale do Guadiana, Piçarras e Cuba”, no distrito de Beja, ocorre “no início da segunda quinzena de junho”.

Este ano, o período iniciou-se em 17 de junho, ou seja, “a data está em linha com os períodos acordados em anos anteriores”, tendo sido aprovado, “por unanimidade, no passado dia 13 de junho”, lê-se no comunicado.

De acordo com o ICNF, a data foi aprovada em reunião da Estrutura Local de Apoio (ELA) de Castro Verde, Vale do Guadiana, Piçarras e Cuba, pelas entidades que a compõem, como o ICNF, Direção Regional de Agricultura e Pescas do Alentejo, associações de agricultores e de desenvolvimento local ou Liga para a Proteção da Natureza (LPN), entre outras.

Recorde-se que, no passado dia 17, em comunicado, a associação ambientalista Zero afirmou que a ceifa de aveia, autorizada a partir daquele dia nas Zonas de Proteção Especial (ZPE) para preservação de aves estepárias, vai causar uma “chacina” de pequenas crias de abetarda e águia-caçadeira.

Embora o ICNF não tenha mencionado o comunicado da Zero, frisou, contudo, que “as áreas com um hectare com ninhos de tartaranhão-caçador, ou águia-caçadeira, identificados, ‘cuja localização foi disponibilizada previamente às Associações de Agricultores e à CCDR Alentejo, não podem ser objeto de corte nem pastoreio até 30 de julho’”.

Estas mesmas áreas podem ainda ser candidatadas a uma medida de proteção da águia-caçadeira e, “caso o beneficiário recorra ao apoio de uma associação ambiental, têm uma majoração de 10%”.

No âmbito do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC), estão previstos programas e apoios “para a proteção do tartaranhão-caçador, como contrapartida ao não corte nem pastoreio de um hectare em torno de cada ninho referenciado”, disse também o ICNF.

Além disso, “as populações de abetarda, sisão e tartaranhão-caçador têm vindo a ser monitorizadas regularmente no Alentejo, estando o ICNF a desenvolver também, no caso do tartaranhão-caçador, uma operação de salvamento de ninhos em risco de serem ceifados, em parceira com a LPN e o Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Energéticos (CIBIO/InBIO)”.

Como este plano de ação, iniciado em 2022, inclui ainda uma “componente de conservação fora do ambiente natural (ex-situ), com a recolha dos ovos mais expostos a predação e outras ameaças, seguindo-se o processo de incubação” e nascimento das crias, “só no ano passado foram libertados no Alentejo 17 exemplares de tartaranhão-caçador nascidos em cativeiro”, indicou o ICNF.

 

Fotografia de rr.sapo.pt