13 Novembro 2020      10:32

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Castelo de Alferce torna-se campo-escola para estudantes de arqueologia

A Universidade de Évora, o Campo Arqueológico de Mértola e o município de Monchique assinaram um acordo de cooperação para apoiar o estudo e a valorização do Sítio Arqueológico do Cerro do Castelo de Alferce, avança o portal Sul Informação.

Assim, um campo-escola para estudantes de arqueologia de Portugal e até do resto da Europa será criado de forma a que o Castelo de Alferce tenha “uma intervenção arqueológica mais consistente ao longo do tempo”. Para já, no próximo verão de 2021, ao invés de um mês de escavações, como aconteceu este ano, haverá dois meses.

Com este novo acordo pretende-se concretizar o que já estava a acontecer na prática: a colaboração entre estas entidades nas escavações arqueológicas que têm estado a ser feitas naquele local.

O Sítio Arqueológico do Cerro do Castelo de Alferce, situado a cerca de dois quilómetros da aldeia, ocupa um total de 9,1 hectares no alto de um monte a 487 metros de altitude. Classificado como Sítio de Interesse Público em 2013, é considerado um elemento-chave para a revitalização da aldeia, que foi das mais atingidas pelo grande incêndio de 2018 e é sobretudo habitada por “uma população muito envelhecida”.

Os projetos da câmara, com o apoio do PADRE – Plano de Ação de Desenvolvimento de Recursos Endógenos, contemplam a criação de um centro de interpretação na aldeia, de onde partirá então um percurso pedestre de cerca de dois quilómetros até ao cerro do castelo e às ruínas arqueológicas, que serão valorizadas.

Cláudio Torres, o “pai” do Campo Arqueológico de Mértola, salientou que “a câmara de Monchique não pode pagar este projeto de arqueologia o tempo todo. Isto leva anos e anos a consolidar. Tem que se tentar tornar isto autossustentável, transformando-o, em simultâneo, num projeto de desenvolvimento”.

Depois de um mês de escavações arqueológicas numa zona das muralhas e na cisterna milenar, o arqueólogo municipal Fábio Capela anunciou que, para 2021, a intenção é a de “pôr a entrada do castelo e um troço de muralha a descoberto”. Adicionalmente, depois de “devidamente consolidada”, também a cisterna irá “ficar a descoberto” e será mais um elemento de interesse para os visitantes.

Já Susana Gomez, professora e investigadora da Universidade de Évora e do Campo Arqueológico de Mértola, sublinhou que este protocolo de colaboração com a câmara de Monchique é “a simbiose perfeita: nós precisamos de tirar os alunos [de arqueologia] da sala de aula e trazê-los para o terreno”. Mas o facto de, durante alguns meses por ano, a aldeia de Alferce ser invadida por gente jovem e os seus professores “também é muito bom para a própria terra”.

 

Fotografia de sulinformacao.pt