28 Julho 2018      17:40

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Caso Robles: saiu à casa

Já muito foi dito sobre Ricardo Robles, vereador do Bloco de Esquerda na Câmara de Lisboa, sobre as suas propriedades, as vendas, alugueres ou a especulação imobiliária. Adquirir um imóvel, recuperá-lo (ainda que por obrigação) e querer vendê-lo obtendo algum lucro é legítimo; os valores de um dos prédios de Robles terão sido: a compra por 347 mil euros, a remodelação por 650 mil e foi colocado à venda por 5,7 milhões, tudo em quatro anos. Neste caso, não será algum lucro, é muito, mas se alguém pagar, o problema é de quem paga. Se é abusivo e mesmo especulativo ninguém duvida, mas ilegal não será.

No entanto, sendo vereador em Lisboa, Robles não podia era dizer, como fez a 1 de novembro de 2016, ao Diário de Notícias que "O centro de Lisboa está sob enorme pressão por várias razões incluindo turismo e residentes não permanentes - e estes são uma espécie de offshore no centro da cidade. Os benefícios são tais que a capacidade de compra de imóveis no centro por estrangeiros ultrapassa a de quem mora aqui. Uma cidade cosmopolita tem de estar aberta tanto aos endinheirados que procuram a cidade como aos menos afortunados que procuram refúgio. E hoje há um desequilíbrio para investidores com capacidade financeira alta." nem a 11 de março de 2017, ao mesmo jornal, que "Há uma visão especulativa: os terrenos, os prédios de Lisboa são para negócio, não são para habitação, não são para quem quer viver na cidade. E isso não é uma política de esquerda. Essa tem que olhar para a cidade e disponibilizá-la para as pessoas."

É por demais conhecida a frase que à mulher de César não basta parecer, tem que ser, e essa será a grande culpa de Robles neste caso: parecia, mas não era, e infelizmente não será caso único na política nacional.

Fica mal qualquer defesa de Robles, por muito que no xadrez político na capital, ou até nacional, seja importante para quem faz a defesa; não fica bem a Catarina Martins, secretária-geral do Bloco, dizer que Robles nada fez de ilegal – o que é verdade, mas só se formos redutores.

Mas é preciso mais. É preciso ética e princípios, sempre, e na política ainda mais. Como diria Sá Carneiro “A Política sem risco é uma chatice, mas sem ética uma vergonha”.

Igualmente criticável serão o linchamento de Robles nas redes sociais -  a Liberdade é um bem sagrado, mas também se tem que saber usá-lo;  e além disso tem ocorrido casos que mereciam sim, na minha opinião, mais atenção e esse esmiuçar atento do Tribunal do vale tudo por juízes de vida perfeita, que falam com conhecimento ou sem ele - e o facto do prédio de Robles envolvido na polémica ter sido vandalizado com um grafitis, embora tenham desenhado algo querido a Robles – o símbolo do BE – e escrito a frase que Robles tantas vezes antes repetiu “Aqui podia morar gente”.

É caso para utilizar aquela dito tantas vezes usado pelo Zé Povinho: “saiu à casa.”

 

 

Fotografia de Cristina Bernardo em jornaleconomico.sapo.pt

 

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