29 Novembro 2020      12:42

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A Casa do Alentejo pode fechar portas; os Verdes já entregaram uma resolução na AR

A icónica Casa do Alentejo, em Lisboa, pode ser mais uma vítima da Covid-19.

As fortes repercussões económicas e financeiras a que a pandemia, após a perda de 80% das receitas, pode levar ao encerramento deste espaço que é classificado como uma embaixada alentejana em Lisboa.

Situada na Baixa Pombalina num antigo palacete dos finais do século XVII, edificado entre dois troços da muralha Fernandina, era pertença dos Viscondes de Alverca, foi ocupado pelo Grémio Alentejano, em 1932, já depois da fundação da Associação Regionalista Casa do Alentejo, em 1923.

Foi um espaço de convívio da diáspora alentejana e tem desenvolvido, desde sempre, uma atividade riquíssima de representação e promoção do Alentejo, divulgando a sua cultura e património, dando voz e espaço às mais diversas expressões artísticas, culturais, económicas e sociais de tudo o que se relaciona com o Alentejo.

Tornou-se um marco de referência do turismo lisboeta dada a sua peculiar arquitetura - um misto de rigor maneirista e fachadas exuberantes com uma decoração romântica, exótico- eclético, de matriz neo-árabe, neogótica, neo-renascença e neo-rococó – além de conter um conjunto de painéis de azulejos de grande riqueza cromática do Ciclo dos Mestres, do século XVII, além de uma decoração azulejar da autoria de Jorge Colaço.

Associação Regionalista Casa do Alentejo conta atualmente com 1500 sócios (com quotas mensais de 2 euros). E apesar de só poderem ser diretores quem de facto nasceu no Alentejo, há outras categorias de amigos da região que também têm direito ao associativismo numa determinada categoria.

Em entrevista ao Diário de Notícias, Manuel Verdugo, vice-presidente da associação, referiu que já foi realizado um empréstimo de 400 mil euros para que se pudesse pagar aos 30 trabalhadores além de fornecedores, gastos com o edifício, entre outras despesas, mas com a escassas receitas dificilmente conseguirá continuar a funcionar além do final de janeiro. 

A situação na segunda vaga da Covid, e, desde outubro, passaram a "a servir duas a três refeições por dia. E as pessoas que vêm cá comer têm no feito por solidariedade".

Manuel Verdugo não encontra muitas soluções além de "moratórias ou apoios a fundo perdido e que a situação está neste ponto: "ou pagamos os impostos e não pagamos aos empregados ou vice-versa."

Quer a direção da associação têm mantido contactos com a Câmara Municipal de Lisboa no sentido de encontrar soluções e está prevista, para breve, uma reunião com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo.

Entretanto, o Partido Ecologista “os Verdes” (PEV), atento à situação, já entregou na Assembleia da República uma resolução que visa salvar a Casa do Alentejo e onde é referido o papel geral do movimento associativo e das coletividades na sociedade e do inegável o serviço que estas entidades prestam às populações.

Para evitar o encerramento da Casa do Alentejo, com todas as consequências daí resultantes, o PEV propôs na resolução entregue na Assembleia da República recomendar ao Governo que “Promova as diligências necessárias com vista a garantir uma solução de financiamento viável à Casa do Alentejo” “em articulação com a Câmara Municipal de Lisboa e com os Municípios do Alentejo.”

 

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