23 Janeiro 2023      10:37

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Campo Maior: Autarca propõe Festas do Povo em 2024

O município de Campo Maior sugere que as tradicionais Festas do Povo se realizem em 2024, devido aos efeitos da inflação e aos prejuízos provocados pelas cheias e fortes chuvas de dezembro do ano passado, noticia a Lusa.

Luís Rosinha, presidente da Câmara Municipal de Campo Maior, adiantou à mesma fonte que foi feita esta sugestão por se considerar “mais seguro financeiramente” para o município e por se ter em conta o atual panorama económico nacional e mundial.

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) reconheceu, em 2021, as Festas do Povo, que se realizam por vontade popular, como Património Cultural Imaterial da Humanidade. 

Estas Festas seculares são famosas pela apresentação de dezenas de ruas, especialmente no centro histórico, enfeitadas com milhares de flores feitas em papel, criadas voluntariamente pela população.

A última edição destas Festas aconteceu em 2015.

Depois do período “mais crítico” da pandemia e da classificação da UNESCO, vários populares e instituições têm lançado o desafio de realizar as Festas este ano, embora ainda não tenha sido tomada nenhuma decisão neste sentido até ao momento.

O autarca de Campo Maior explicou também que o município, que tem por hábito fornecer o material e ajudar logisticamente as Festas do Povo, viveu um ano “relativamente bom” em termos económicos, pelo que se encontra preparado para “eventualmente” apoiar a iniciativa.

Contudo, os prejuízos provocados pelo mau tempo em Campo Maior, a 13 de dezembro, conduziram a uma “mudança” de prioridades, referiu Luís Rosinha, lembrando as inundações, as cheias e os danos em habitações, em equipamentos municipais e na agricultura que aconteceram nesse dia neste concelho alentejano.

Segundo o presidente, a mudança de prioridades também aconteceu “na mentalidade” do executivo, o que fez com que as Festas do Povo tenham ficado “um tanto ou quanto de parte” da agenda política.

Neste concelho, foram registados prejuízos de cerca de 3,9 milhões de euros, não entrando nesta contabilização os prejuízos causados na agricultura, destacou ainda Luís Rosinha.

O autarca informou também que o município se encontra a aguardar “a regulamentação” dos apoios anunciados pelo Governo, adiantando que a sua expectativa é a de “vir a ter apoios na ordem dos 60%”.

“Portanto, a câmara municipal, já para começar, tem 40% de gastos que não tinha no mês passado”, explicou o presidente, que, ainda assim, não afasta a realização das Festas em 2023, uma vez que esta é uma decisão que não depende apenas do executivo municipal, mas também da vontade do povo.

Luís Rosinha fez também referência aos problemas que a inflação tem vindo a provocar, destacando que o custo do papel utilizado para a produção das flores se encontra “claramente num valor muito superior”, o mesmo acontecendo com o custo de outros materiais essenciais para a realização da iniciativa.

“Em vez de estarmos a falar, se calhar, num evento que, nos outros anos, custa em torno dos 1,2 a 1,3 milhões de euros, neste momento, podemos estar a falar em muito mais”, explicou ainda o autarca.

 

Fotografia de rr.sapo.pt