18 Maio 2025      10:47

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Brincar às lutas pode ser bom para as crianças, defende estudo da Universidade de Évora

As brincadeiras de luta, muitas vezes mal compreendidas por educadores e pais, podem ser fundamentais para o desenvolvimento saudável das crianças, especialmente ao nível emocional e social. É esta a conclusão de um projeto de investigação coordenado por Guida Veiga, professora da Universidade de Évora e investigadora do CHRC – Comprehensive Health Research Centre. Financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), o estudo está a ser implementado em jardins de infância dos concelhos de Évora e Redondo, envolvendo cerca de 150 crianças entre os 3 e os 6 anos.

A investigação avalia de que forma estas interações físicas espontâneas — muitas vezes vistas como desordeiras ou perigosas — contribuem para a autorregulação, a compreensão das emoções, a sociabilidade e até para a redução do stress. Para isso, são utilizados testes, questionários e a análise de biomarcadores como o cortisol ou a oxitocina. As sessões decorrem ao ar livre, duas vezes por semana, até ao final de maio.

Para além do trabalho com as crianças, o projeto inclui também formação prática com educadoras de infância, ajudando-as a compreender o valor pedagógico deste tipo de brincadeiras. Uma das conclusões já apuradas mostra que, mesmo em idade pré-escolar, muitas crianças conseguem distinguir uma luta a brincar de uma agressão real. O estudo também aponta para a existência de estereótipos de género associados a este tipo de brincadeiras. A equipa espera agora avaliar os efeitos do programa a médio prazo e contribuir para uma mudança de paradigma sobre o que é considerado um brincar seguro e construtivo.