26 Julho 2016      16:09

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BIG D - AMÉRICA PROIBIDA

“DINHEIROS DO MUNDO”

O dia 25 de Julho foi um mau dia para Hillary Clinton e os Democratas. A maioria das sondagens americanas colocam Donald Trump à frente nas eleições presidenciais. Será este um voto de protesto em relação à elite política que pouco ou nada se relaciona com o americano comum, ou será a causalidade de uns Estados Unidos (EUA) com crescentes tensões raciais, maior desigualdade e um capitalismo cada vez mais desequilibrado?

A América tem problemas claro, mas na verdade, o país está num caminho de prosperidade económica já há algum tempo; a bolsa de valores vive dias de tranquilidade e crescimento; o desemprego está abaixo dos 5%; e a média de salários está a começar a aumentar. Esta é a 4ª maior recuperação económica registada na história dos EUA. A globalização deixa a sua marca negativa, não há dúvidas, como por exemplo os trabalhadores de baixa qualificação que foram devastados pelo fecho de várias unidades industriais, consequência do protagonismo das novas potências económicas como a China ou a Índia. Ainda assim, estes factos não explicam todo o ódio na política americana. Que significado real tem a frase “the country is going down fast”, da autoria de big D (Trump)? Na verdade pouco ou nada. Os EUA estão no trilho da prosperidade, e mesmo considerando a crescente escalada de violência, principalmente entre negros e as forças policiais, o relacionamento entre diferentes grupos étnicos está melhor que nunca. Brancos, negros, asiáticos, latinos, vivem nos subúrbios americanos à tempo suficiente para já se terem habituado uns aos outros.

O único problema dos EUA neste momento é mesmo Trump, que na eventualidade de ganhar, mesmo que não concretize as suas propostas (onde se incluem a deportação de 11 milhões de emigrantes, a construção de uma muralha na fronteira com o México e taxar 35% produtos estrangeiros) a reputação dos EUA já ficará manchada. Ainda pior, a impossibilidade destas propostas ainda piorará o sentimento dos seus apoiantes.

Assim sendo, o que poderá realmente explicar o fenómeno Trump? Alguns historiadores obtiveram uma explicação deveras interessante. A percentagem de bebés brancos nascidos em 2011 foi a mesma que bebés não brancos, o que tornará os brancos numa minoria em 2045. Para um país habituado a uma maioria branca de descendência europeia por volta dos 90% ao longo de 200 anos, este é uma acontecimento que poderá provocar alguma insegurança demográfica.

Sejamos sinceros, nenhuma proposta económica ou social de Trump faz sentido, nem vou sequer explicar o porquê, pelo simples facto de já terem sido descredibilizadas tantas vezes. Também tenho sérias dúvidas que ele próprio acredite nelas. A resposta poderá ser mais simples do que aparenta. Tal como Jon Stewart disse há dias no programa do Colbert, os Republicanos não querem a América grande outra vez, eles querem a América dos anos 50, onde a população branca tinha a primazia na sociedade, e onde as mulheres e restantes grupos étnicos eram subjugados à sua vontade.

Tenho a dizer que esse é o sentimento mais anti-liberdade, menos capitalista, menos pró-mercado e menos americano que existe. É uma América que deve ser proibida de ver a luz do dia novamente. Bem-vindos ao Séc. XXI.

 

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