31 Maio 2022      15:18

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Beja regista subida de 10.5°C em apenas 5 minutos

Em Beja, na madrugada de 21 de maio deste ano, registou-se um “fenómeno raro”, de acordo com o Instituto Português do Mar e Atmosfera (IPMA): a temperatura subiu 10.5°C em cinco minutos.

Segundo o instituto, citado pela Renascença, entre as 04:40 e as 04:45 a temperatura subiu de 22.9°C para 33.4°C, e a “humidade relativa desceu de 49% para 13%”. Esta “significativa e rápida subida de temperatura (+10.5°C) e descida de humidade relativa (-35%)” em pouco tempo resume-se a um evento meteorológico designado como heatburst, como explica o IPMA.

“A noite e madrugada de 21 de maio foram excecionalmente quentes”, refere o instituto, “quer no contexto do mês de maio, quer no de registos anuais”. Principalmente no interior de Portugal, as temperaturas variaram entre os 26°C e os 32°C, marcando, em alguns locais, “a madrugada mais quente desde que há registos”.

O fenómeno pode ser explicado pela presença de uma “massa de ar quente e seco proveniente do norte de África e com poeiras em suspensão”, condicionada “pela presença de um núcleo depressionário à superfície com expressão em altitude”, centrado a oeste do território nacional.

A estação meteorológica do distrito de Beja mostrou também, durante o mesmo espaço de tempo, rajadas de vento de até 53 km/h, que provocaram a queda de dezenas de árvores de grande porte. O IPMA, ainda assim, reforça que “nestas condições seria muito pouco provável a formação de um fenómeno do tipo tornado” e o vento forte pode ser explicado pelo heatburst.

Após a subida das temperaturas até aos 33,4°C, os termómetros desceram quase à mesma velocidade a que sofreram um aumento abrupto, para os 25.5°C, marcados às 04:50. A humidade, após descer 35%, de 49 para 13%, regressou para perto do valor registado mais cedo, com 37% no final da madrugada.

“O momento linear da corrente descendente poderá ser inferior ao de um downburst clássico, mas, ainda assim, manter algum potencial para a produção de rajadas convectivas na região mais baroclínica do outflow, como foi o presente caso”, conclui o IPMA.

O “fenómeno raro” manifestou-se mais fortemente na região de Beja, mas o instituto revela que também foi sentido em mais estações, mas com mudanças menos extremas.

 

Fotografia de xrei.com