A Câmara Municipal de Beja enviou uma carta à Comboios de Portugal (CP) a solicitar esclarecimentos sobre a alegada adiantada notícia de um atraso de um ano na entrega das novas automotoras, previstas para reforçar o serviço regional e possibilitar a ligação direta entre Beja e Lisboa. A missiva, datada de 11 de abril, surge na sequência de uma notícia publicada pelo jornal Público, que aponta para o incumprimento dos prazos por parte do fabricante suíço Stadler.
O autarca bejense expressa a “apreensão” do executivo municipal relativamente à possibilidade de adiamento, que comprometeria a modernização da Linha do Alentejo, nomeadamente no troço entre Beja e Casa Branca, atualmente servido por composições com sinais evidentes de desgaste. No documento enviado à CP, a câmara procura saber se a informação avançada corresponde à verdade e qual a nova data prevista para a entrega do material circulante, originalmente apontada para outubro de 2025.
O contrato celebrado entre a CP e a Stadler contempla 22 automotoras novas, das quais 12 são bimodo (podem operar em linhas eletrificadas e não eletrificadas), sendo esta característica crucial para regiões como o Alentejo, onde a eletrificação da via ainda não é uma realidade plena. A autarquia solicitou ainda à CP confirmação sobre a afetação de algumas destas automotoras à Linha do Alentejo, e quantas serão alocadas concretamente ao serviço entre Beja e Lisboa.
Segundo o Público, uma fonte da CP confirmou que o fabricante não conseguirá cumprir o cronograma inicial, comprometendo-se, no entanto, a apresentar um novo plano de entrega e propostas de mitigação dos impactos do atraso. A CP, por seu lado, afirma que exigiu o cumprimento contratual, estando o novo calendário de entregas sujeito a análise e aprovação. O contrato tem um valor estimado de 158 milhões de euros, com as primeiras entregas inicialmente previstas para outubro de 2024.
O possível adiamento representa mais um obstáculo à desejada requalificação da mobilidade ferroviária no Baixo Alentejo, mantendo a região em desvantagem face a outras zonas do país com ligações mais rápidas e regulares.