11 Junho 2021      11:33

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Barragem de Santa Clara em Odemira está a menos de metade

A Associação de Beneficiários do Mira cortou a água aos pequenos agricultores devido à sua escassez que cada vez mais se faz sentir nesta zona, avança a TSF. A Barragem de Santa Clara, que abastece toda esta zona do sudoeste alentejano, já se encontra a 49% da sua capacidade, ainda antes do início do verão.

António Guerreiro e Manuel Rocha são agricultores que há décadas retiram e pagam a água para as suas hortas do canal que vem da barragem. Segundo Manuel Rocha, “sempre nos foi autorizado, metemos a tubagem e há 40 anos gastei 15 contos, que era muito dinheiro”. “Agora está tudo a secar, aí nos quintais”.

Manuel e António consideram que o que lhes está a acontecer é consequência do consumo excessivo de água feito pela agricultura intensiva praticada na zona. “Não tem chovido, a barragem tem pouca água, mas para as estufas a água não pode faltar”, diz António. “Já se devia ter parado de fazer estufas há muito tempo”, afirma Manuel. “Se há pouca água devíamos preservá-la”.

Já Mário Encarnação pertence ao Movimento Juntos pelo Sudoeste, que luta por políticas sustentáveis para a região. “Há 20 anos, eram estas pessoas que consumiam a água e agora deixaram de ser clientes importantes”, conta.

Diogo Coutinho, que vive sobre a barragem de Santa Clara, vê o seu caudal diminuir de dia para dia. “Nota-se que cada vez sai mais água para irrigar as estufas do litoral e nós, que vamos lá abaixo à barragem quase diariamente, notamos essa descida”, diz.

Com as alterações climáticas, anos cada vez mais secos e uma agricultura intensiva que consome grande parte da água da barragem, as críticas do Movimento Juntos pelo Sudoeste dirigem-se também para as perdas de água que se verificam entre a albufeira e os consumidores finais. E para os consumos impraticáveis face à quantidade armazenada. “Os dados de 2019 da ABM dizem que saíram da barragem 60 hectómetros cúbicos e só entraram 14”, lamenta Mário.

 

Fotografia de tsf.pt