1 Dezembro 2022      13:21

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Baixo Alentejo: Imigrantes apoiados vão ter planos de intervenção individuais

As vítimas da rede de tráfico de imigrantes recentemente desmantelada no Baixo Alentejo estão a ser acompanhadas por equipas sociais, que já deram início aos planos de intervenção individuais. A revelação foi feita, de acordo com a agência Lusa, no dia de ontem por Manuel Albano, relator Nacional para o Tráfico de Seres Humanos.

“Passada uma semana da operação, estamos a começar a preparar os planos de intervenção, além da psicoterapêutica, acompanhamento emocional e reconhecimento dos direitos às pessoas”, revelou ainda o relator Nacional para o Tráfico de Seres Humanos à mesma fonte, após uma reunião com o Alto Comissariado para as Migrações (ACM), que teve como objetivo fazer um balanço da situação em que se encontram estas vítimas.

O responsável adianta ainda que estes planos individuais procuram conhecer os planos que as vítimas têm para o seu futuro, sabendo se pretendem ficar em Portugal ou voltar para os seus países de origem e tendo em conta “todas as ‘nuances’”, onde se inclui a “verificação da regularidade ou irregularidade de permanência em território nacional”.

Para os imigrantes que pretenderem ficar a trabalhar em Portugal, deverão ser tratadas “as questões laborais e de língua” e terá de se “verificar onde é que as pessoas podem ser enquadráveis”, explica ainda Manuel Albano, que diz ainda que, no caso de quererem voltar ao seu país de origem, terá de haver “espaços de retorno assistido para evitar processos de revitimização”. 

Ainda de acordo com o responsável, é possível que estes planos demorem “semanas ou meses”, sendo de grande importância que as vítimas se encontrem bem do ponto de vista emocional.

“As pessoas estão tão sem ser pessoas em muitas situações que não têm noção e algumas delas até não têm noção de que foram vítimas de um crime, porque o seu padrão de convivência e de direitos até, não é o nosso padrão”, afirma Manuel Albano.

Por este motivo, salienta ainda que o trabalho desenvolvido pelas equipas sociais inclui também sessões de “literacia de direitos”.

Alguns dos imigrantes que não tiveram necessidade de alojamento já se encontram a trabalhar, enquanto outros estão ainda à espera de voltar para os seus trabalhos.

O objetivo das autoridades passa pela permanência destas vítimas nos seus locais de trabalho, mas com “um enquadramento completamente distinto”, ou seja, passando a trabalhar de forma direta com os donos dos terrenos agrícolas, explica ainda o responsável.

Esta situação surge na sequência de uma operação realizada pela Polícia Judiciária (PJ), em colaboração com outras entidades, que resultou na detenção de 35 indivíduos de uma rede criminosa que procurava contratar trabalhadores vindos do estrangeiro para a agricultura da região do Baixo Alentejo.

No sábado passado, dia 26, o juiz Carlos Alexandre determinou a atribuição de prisão preventiva para 31 dos arguidos. Destes, oito poderão ficar em prisão domiciliária com pulseira eletrónica, se o relatório da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais sobre as suas condições pessoais e sociais for favorável.

Os outros quatro arguidos, todos portugueses, saíram em liberdade, mas com Termo de Identidade e Residência (TIR), proibição de contactos e apresentações diárias perante as autoridades.

Segundo dados do ACM, na sequência do desmantelamento desta rede, foram apoiados 218 migrantes, tendo 62 sido encaminhados para alojamentos de emergência.

 

Fotografia de rr.sapo.pt