23 Junho 2020      08:59

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Autarquias vão usar cada vez mais o teletrabalho, indica estudo

Está demonstrado que a pandemia do Covid 19 levou as autarquias portuguesas a utilizar massivamente canais digitais para comunicar com os munícipes. Quem o diz é um estudo do grupo YoungNetwork, que apresenta o primeiro estudo sobre o impacto da Covid-19 nas Autarquias Portuguesas, analisando a forma como comunicaram, como se adaptaram à nova realidade no dia-a-dia e como perspetivam o futuro pós-pandemia. Os resultados mostram que a maioria destes órgãos de poder aderiu massivamente aos canais digitais (92,2%) e passou a comunicar mais em tempos de COVID-19 (60%), realizando um trabalho mais proativo (77%) do que reativo.

O estudo também revela que 92% das Autarquias privilegia canais online e 74% esteve ou está em teletrabalho, o que demonstra uma aceleração da digitalização do serviço público. Mas há mais. E-mail (84%), telefone (76%) e Facebook (64%) foram as ferramentas mais utilizadas pelos cidadãos para interagirem com os seus Municípios. 80% das Autarquias transformou os seus debates políticos presenciais, nomeadamente reuniões de Câmaras ou Assembleias Municipais, em debates digitais. 53% dos inquiridos revelou não se sentir apoiado pelo Governo Central, mas um número quase idêntico indicou estar a receber o apoio necessário (47%) – Autarquias das Regiões Autónomas (60%) e Centro (59%) do país são as que menos se sentem apoiadas. E 95% das autarquias está a preparar medidas para suprimir as novas dificuldades causadas pelo surto, a implementar num momento pós COVID-19, mas 66% admite estarem ainda longe de concluídas.

Para além de dar a conhecer as melhores práticas de comunicação autárquica, e quais servem de guia para aqueles que ainda têm dúvidas e dificuldades no diálogo com os seus munícipes, o estudo Covid-19: The Day After Survey Autarquias explora também a implementação do modelo de teletrabalho em resposta à necessidade de isolamento, revelando uma forte adesão (74%) e que os Municípios se sentem preparados para esta mudança (78,9%).

O balanço do teletrabalho é globalmente positivo: 62,2% dos respondentes considera que os resultados de trabalho não foram afetados e são iguais ao momento pré-surto, e 15,6% que foram ainda melhores. Apenas 21,1% considerou que a instituição não estava preparada para esta metodologia.

Das 88% de Autarquias que admite a crise ter afetado os orçamentos previamente aprovados, 75% considera que existe uma transferência direta das rubricas de ações canceladas (festas, concertos, outras) para campanhas ou apoios no âmbito da pandemia.

“Nunca os Organismos Públicos comunicaram tanto, de forma tão urgente, e nunca como antes estiveram tão na ordem do dia como hoje. Este estudo mostra que o setor público tem feito esforços para acompanhar a transformação digital, adaptando estratégias e criando soluções numa era crítica”, refere João Santos, COO do grupo de comunicação e especialista em comunicação política e public affairs.

“Otimizar a comunicação das Autarquias é contribuir para salvar mais vidas, hoje com a COVID-19, amanhã com os incêndios ou outros flagelos que nos possam afetar. Por ser completo e tocar em várias áreas, este estudo é sem dúvida uma ferramenta útil para a tomada de novas decisões”, acrescenta o responsável.

A recolha dos dados foi feita através de um inquérito online, anónimo, com respostas fechadas, entre os dias 29 de abril e 29 de maio, a um universo de 308 autarquias de todo o território nacional considerando-se 90 respostas válidas.

Imagem de capa de Filipa Brito