3 Setembro 2021      20:01

Está aqui

Apanha da azeitona

Costuma ser em Novembro

mas tudo é uma questão de tempo.

Tudo tem o seu tempo;

se ainda assim fores com pressa

e provares uma por teimosia,

o paladar chamar-te-á a atenção:

— Anda daí que ainda não é dia!

 

Ah! sempre que chega o dia

— Que preguiça, preguicite, que soneira!

só te apetece ficar a observar

os homens e as mulheres de varapaus nas mãos

sovando a pobre da oliveira.

 

Os oleados no chão

são lenços que amparam as lágrimas;

gotas

       que

                caem,

              uma

          por

uma.

— Escuta, o som. Fecha os olhos.

Chuva de granizo, nuvens numerosas,

lágrimas amarguradamente tão afectuosas!

 

Nas sacas de serapilheira

guardas recordações deste dia.

— Malandro, só vieste para comer! — dizem-te.

Sorris, e voltas a sonhar.

 

Imagem de tattooedmartha. com

 

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Ricardo Jorge Claudino nasceu em Faro em 1985. Actualmente reside em Lisboa. Mas é Alentejo que respira, por inigualável paz, e pelos seus antepassados que são do concelho de Reguengos de Monsaraz. Licenciado em Engenharia Informática e mestre em Informação e Sistemas Empresariais pelo Instituto Superior Técnico de Lisboa. Exerce desde 2001 a profissão de programador informático. Também exerce desde que é gente o pensamento de poeta. www.claudino. eu