13 Outubro 2025      15:19

Está aqui

Amarelo e Verde

As tatuagens continuam no mesmo sítio. Há mais, até. Conto-te sobre elas deitados sob um teto familiar. Deixo-te percorrer o desenho das mesmas com as pontas dos teus dedos. Deixo que me pintes e juntos, formamos a melodia que sabemos de cor. Como já era de esperar. Tão nós.

Continuo a conversa sobre o que já conquistei, não que não soubesses, mas quero-te contar como pessoa que o viveu. Irias rir. Irias abraçar-me. E sobretudo os teus olhos brilhariam tanto. E eu tão opaca.

Dentro do (nosso) ninho, oiço a tua respiração a lutar contra o meu queixo. É o meu lugar favorito do mundo. Está tão quente. Tão aconchegante. Não fecho os olhos, pela necessidade de querer fotografar com os mesmos para um dia, quando não te tiver, relembrar. Como um filme. Que nós nunca chegávamos a ver o final. Na verdade, nenhum filme vimos um final. Nem no nosso próprio. 

As cinco e cinquenta batem no meu ecrã, que por erro tem o brilho no máximo. Por dentro, sinto um tremor. Por fora, abrigo-me o máximo que consigo sem restar um centímetro que resista. É aqui que pertenço e não quero abandonar. É o meu lar e sempre será - amarelo e verde.