7 Fevereiro 2021      09:36

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Alterações no Processamento da Informação Sensorial

O tratamento das perturbações sensoriais tem vindo a ser alvo de um número cada vez maior de estudos científicos.

O desenvolvimento sensorial ocorre ao longo do tempo e a manipulação e processamento dos estímulos que se recebem, permitem a sua integração sensorial.

O cérebro organiza e processa essa informação, atribuindo-lhe significado. Quando o processamento sensorial é disfuncional (e.g., da modulação sensorial, da discriminação sensorial ou deficiência motora sensorial), existe um mau funcionamento dos neurónios que não sinalizam os estímulos recebidos (Zimmer & Desch, 2012).

Alguns dos sinais preocupantes a que se deve estar atento, são: a história clínica da criança (e.g., complicações pré-natais e perinatais, problemas na alimentação, alergias, infeções crónicas do ouvido, etc.), características do desenvolvimento (e.g., desenvolvimento irregular, atrasos no desenvolvimento, ausência de preferência manual, etc.), características físicas (e.g., tónus muscular baixo ou elevado, dificuldades no equilíbrio, problemas de articulação, etc.), características do comportamento e da personalidade (e.g., alterações de sensibilidade táctil, do paladar, auditiva, do movimento, desorganização nas tarefas, baixa interação social, agressividade, distração, hiperatividade, fobias, compulsões, alterações repentinas de humor, etc.) (Papalia et al., 2009).

As terapias sensoriais são muito utilizadas para o tratamento de perturbações do processamento sensorial. Estas são focadas no sistema sensorial, fornecendo-lhes estímulos táteis, visuais, auditivos, propriocetivos, entre outros, através do uso de bolas, plasticina, papel, esponjas, areia, discos, rodas, sinos, pinos, etc. (Zimmer & Desch, 2012). A Ayres Sensory Integration (ASI), é um tipo de intervenção individualizada que pretende melhorar as capacidades sensoriais, motoras, práxicas e de autorregulação das crianças, com problemas sensoriais e motores, ajudando-as a superar as suas limitações, quer em contexto de sala de aula, quer nas suas mais diversas atividades de vida diária (Schoen et al., 2019).

O funcionamento da integração sensorial permite o bom desenvolvimento da criança, assim como beneficia o seu comportamento, aprendizagens, regulação emocional ou interações sociais, sendo a família o pilar fundamental para a monitorização das suas conquistas e dos efeitos dos tratamentos recebidos (e.g., através de diários do comportamento) ao longo do tempo (Zimmer & Desch, 2012).

Ficar a par deste tipo de sinais, é uma das formas de ajudar na prevenção destes problemas e evitar que a vida da criança fique comprometida.

 

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Lídia Serra é Doutora Internacional em Neuropsicologia pela Universidade de Salamanca. 
Docente de Neurociências e Neuropsicologia do ISEIT – Instituto Piaget de Almada; Docente da UC de “Niveles Táctiles, Motricidad, Lateralidad y Escritura” e Diretora de TFM do Máster en Neuropsicología y Educación da Univerisdad Internacional de la Rioja, Espanha. Membro do Centro de Investigação CLISSIS da Universidade Lusíada de Lisboa.