O empreendimento do Alqueva, que há décadas transformou o panorama agrícola e económico do Alentejo, provou ser um dos investimentos mais lucrativos e impactantes de Portugal. Com um custo inicial de mil milhões de euros, o Estado já arrecadou mais de três mil milhões de euros em retorno, segundo um estudo da EDIA (Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva), revelando um impacto económico e fiscal muito acima das expectativas.
O projeto gerou um impacto anual de 3,2 mil milhões de euros em produção económica, beneficiando áreas como a agricultura, indústria e serviços. Os dados apontam para a criação de cerca de 28 mil postos de trabalho, diretos e indiretos, solidificando o Alqueva como motor de desenvolvimento regional e nacional. Além disso, os impostos gerados pelas atividades ligadas ao projeto superaram amplamente o investimento inicial, destacando-se como um exemplo raro de eficácia de políticas públicas.
José Pedro Salema, presidente da EDIA, enfatizou que cada investimento associado ao Alqueva desencadeou uma cadeia de benefícios económicos, incluindo o pagamento de impostos pelas empresas envolvidas. A infraestrutura também contribuiu significativamente para o Produto Interno Bruto (PIB) do país, ultrapassando as previsões iniciais.
O impacto do Alqueva no território é notável. Segundo Luís Mira, secretário-geral da CAP (Confederação dos Agricultores de Portugal), este é "o projeto europeu de coesão territorial mais importante". A agricultura alentejana, anteriormente limitada, evoluiu para um setor altamente produtivo, elevando as receitas da região de 10 milhões para cerca de 200 milhões de euros anuais.
Apesar do sucesso, Mira aponta para a necessidade de melhorar a gestão de recursos hídricos no país, defendendo um uso mais eficiente da água para evitar dependência de projetos externos. Ele também critica a falta de novos empreendimentos de grande escala nos últimos 50 anos, salientando que o Alqueva permanece como um caso isolado de sucesso.
Concebido em 1957, o Alqueva enfrentou inúmeros adiamentos até se concretizar em 1993, sob o governo de Cavaco Silva. Desde então, o projeto expandiu-se, incluindo a construção de infraestruturas de rega, centrais hidroelétricas e, mais recentemente, um dos maiores projetos fotovoltaicos flutuantes da Europa, reforçando o compromisso com a sustentabilidade.
Fonte: sol.sapo.pt
Fotografia de premiosnotaveis.dn.pt