29 Julho 2021      12:28

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Alentejo tem “qualidade de vida” mas faltam “medidas fortes” para fixar pessoas

Carlos Pinto de Sá, presidente da CIMAC e da Câmara Municipal de Évora

No âmbito do decréscimo populacional expressivo no Alentejo, revelado pelos dados preliminares dos Censos 2021, Carlos Pinto de Sá, presidente da Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central (CIMAC), afirma que esta “é uma preocupação que permanece e que se aprofunda”.

Em declarações à Renascença, o também autarca de Évora refere que “o que temos vindo a assistir nos últimos anos é, exatamente, a um agravamento da saída de pessoas sem a sua substituição”.

O responsável abordou ainda o “processo acelerado de litoralização” do país, lembrando que “estamos a falar de dois terços do país”, o que “não é positivo para a coesão territorial, nem para a coesão social”.

O presidente assegura que o Alentejo tem “qualidade de vida”, mas faltam “medidas fortes” que permitam às pessoas fixarem-se na região. “Falta investimento, emprego, rendimentos”, refere o autarca, que defende “políticas que apostem definitivamente no interior, que definam metas e verifiquem, depois, se essas metas estão ou não a ser atingidas. Não basta anunciar políticas, é preciso monitorizá-las”.

Com menos população, destacam-se os municípios de Barrancos, no distrito de Beja, (-21,8%) e Nisa, no distrito de Portalegre (-20,1%). Já no sentido inverso, comparativamente a 2011, o concelho de Odemira, no litoral alentejano, aumentou de 26 066 para 29 523 habitantes (13,3%).

Carlos Pinto de Sá considera que a pandemia explica uma parte destes resultados, tendo em conta que se vive “uma crise económica e social muito significativa”.

“O desemprego disparou, como é sabido, houve muitas famílias que ficaram sem rendimentos suficientes e, portanto, não havendo emprego, as pessoas vão à procura de emprego não apenas no país, mas também no estrangeiro”, afirma o autarca, que dá o exemplo de “os muitos jovens que foram à procura de melhores condições de vida”.

No sentido de atrair jovens para o interior, o presidente da CIMAC diz que “é preciso criar condições de habitação a preços acessíveis” e, para isso, “tem de haver um pograma público para que os trabalhadores se possam instalar aqui”.

Por outro lado, “é fundamental que sejam melhoradas as questões da qualificação da mão-de-obra e os rendimentos desta”, sublinha Pinto de Sá, “para que as pessoas se possam manter no país e não tenham que procurar, lá fora, melhores soluções para a sua vida”.

Recorde-se que, na área da CIMAC, onde estão associados os 14 municípios do distrito de Évora, o concelho de Mora foi o que registou o maior decréscimo de população (17,1%), seguindo-se o Alandroal (-14,3%) e os três concelhos do chamado “triângulo dos mármores”: Borba (-12,3%), Estremoz (-11,4%) e Vila Viçosa (11,2%).

Com menos perda de população, o concelho de Vendas Novas (-5,1%) lidera a lista, seguido dos concelhos de Évora (-5,4%), Viana do Alentejo (-7,3%), Reguengos de Monsaraz (-8,8%), Montemor-o-Novo (-9,4%), Arraiolos (-10,3%), Portel e Redondo (ambos com -10,6%) e Mourão (-11,6%).

 

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