As estimativas apontam para que existam 1.500 templos de eras e povos diferentes no Alentejo, havendo vestígios de visigodos, romanos, islâmicos e cristãos. Muitos deles encontram-se atualmente em ruínas e são constantemente alvo de saques de grupos que pretendem abastecer redes internacionais, noticia o Jornal de Negócios, acrescentando que, uma vez que o Estado não subsidia obras dos privados, vão ficando perdidos diversos edifícios e monumentos, alguns deles milenares e alguns originários da Idade do Ferro, que foram construídos em honra de deuses muito pouco conhecidos atualmente.
Muitos nunca pensaram no número de templos que podem ser encontrados na região alentejana e, por isso, também nunca se detiveram a refletir sobre os povos que os edificaram, nem na altura ou nas razões pelas quais o fizeram. São também muito poucas as pessoas que sabem o número exato destes monumentos e edifícios que ainda existem e quantos são os que se encontram, total ou parcialmente, perdidos. Contudo, há quem se dedique a inventariar o património e a História e foi assim que o Negócios chegou à fala com Luís Lobato de Faria, historiador do património cultural de Évora.
“Quantos templos abandonados existem no Alentejo? Acho que ninguém sabe”, admite. “Se tivermos em conta os três distritos, talvez sejam no mínimo 1.500. Há em todo o lado, em todo o país, mas a realidade que melhor conheço abrange, sobretudo, o distrito de Évora e a parte norte do distrito de Beja”, acrescenta o historiador, que desempenhou, durante 15 anos, as funções de arqueólogo comercial.
Luís Lobato de Faria avança ainda com mais números, destacando que, de acordo com a realidade que conhece na região, “existirão em cada concelho entre 30 a 40 templos de povos e épocas diferentes”.
Durante vários anos, o historiador andou pelos povoados e campos do Alentejo na companhia de grupos de entusiastas, com o objetivo de lhes dar a conhecer o legado histórico que ali pode ser encontrado e que continua a resistir a "trabalhos agrícolas desempenhados quase ou totalmente ao arrepio da lei", escreve o jornal. As pesquisas que desenvolveu permitiram-lhe identificar templos e vários outros sítios arqueológicos associados aos visigodos, aos romanos, aos islâmicos, aos cristãos portugueses e ainda à comunidade judaica.
“Existe um espaço temporal que pode, facilmente, ir até aos 5.000 anos”, refere, para logo de seguida admitir a hipótese de que “talvez a maior parte das pessoas não tenha consciência disso, porque muitos dos templos que agora se conhecem acabaram por ser contruídos sobre as ruínas ou vestígios de outros. Muitos foram, até, edificados em locais de culto que seriam apenas aquilo que hoje designamos por rochas sagradas”.
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