Os dias mais limpos
vislumbram a Lua
bem antes do Sol
se pôr. A forma estreita
da rua por onde vou
não tem nexo; e só
neste instante percebo,
que o ter ou não ter nexo,
é um mero vício citadino.
É apenas aqui,
nesta aldeia do Alentejo,
que quando olho para cima
vejo o que existe para lá
daquilo que já conhecia.
Enquanto houver luar,
haverá claridade
para iluminar as ruelas
que me conduzem
até ao largo da igreja.
Pelo caminho,
relembro o céu
das metrópoles que
reflecte a fingida
luminosidade urbana.
De que serve
chegar ao topo
se até nos momentos
de pausa não temos tempo
de agradecer e de olhar?!
Chego até onde tenho de chegar
e quando me apetecer
regresso a casa,
desta vez sem buzinadelas,
insultos ou
pressa;
apenas atrás da sombra
que o luar me faz
acompanhar.
Fotografia do astrofotógrafo da reserva Dark Sky Alqueva Miguel Claro em miguelclaro.com
......................................
Ricardo Jorge Claudino nasceu em Faro em 1985. Actualmente reside em Lisboa. Mas é Alentejo que respira, por inigualável paz, e pelos seus antepassados que são do concelho de Reguengos de Monsaraz. Licenciado em Engenharia Informática e mestre em Informação e Sistemas Empresariais pelo Instituto Superior Técnico de Lisboa. Exerce desde 2001 a profissão de programador informático.Também exerce desde que é gente o pensamento de poeta.