11 Setembro 2022      20:29

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Ainda o tal 11 de setembro

Ao longo dos anos, já muito explicámos e falámos sobre os atentados de 11 de setembro.

Quer eu, quer os leitores, falámos e comentámos a memória daqueles ataques ao início da tarde em Portugal, início da manhã nos Estados Unidos.

Vários aviões sequestrados, cerca de 3000 mortes; entulho; um memorial.

Olhando atrás à luz da distância dos anos, fica a ideia que terá sido uma marca, um ponto de inversão do mundo, uma paragem num progresso que se sentia – na sua maioria – como sensato, razoável e com alguns valores.

Atentandos por várias partes do mundo, uma guerra inventada, países invadidos e depois abandonados. Mortes de inocentes num jogo político, de poder e ganância económica. Medidas restritivas da liberdade em nome de uma insegurança crescente etc., etc., etc. Tornámo-nos um mundo pior, mais instável, mais partido, mais distante e menos dialogante. De então até hoje, sentimos uma escalada de conflitos, um aumento da xenofobia, do racismo, das vozes extremistas que clamam por valores contrário às Democracias.Passeamos no espaço, mas deixamos crianças morrer com fome. Nos bastidores, companhias economias gigantescas gizam planos de como conseguir lucrar ainda mais com as formiguinhas cada vez mais automatizadas e menos pensantes, com menos sentimento, desprovidas de empatia, de humanismo, que vão conseguindo moldar a custo de bens materiais e de lixo cultural e comunicativo.

Revisito, uma vez mais o discurso de Chaplin, em ‘O grande ditador’, de 1940: “Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover todas as nossas necessidades. O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém perdemo-nos. A cobiça envenenou a alma dos homens… levantou no mundo as muralhas do ódio… e tem-nos guiado por um caminho de miséria e sofrimento. Criámos a época da velocidade, mas fechamo-nos dentro dela.”

Assim é, mas chegámos a um ponto em que até a Terra estamos a esgotar nos seus recursos por essa vontade de poder desmedido. De que valeram as mortes a 11 de setembro e todas as que se seguiram até hoje, e até antes? Que lições se retiraram de uma pandemia que nos colocou a todos em pé de igualdade? Os “Vai ficar tudo bem!” que se colocaram às janelas, nos perfis sociais virtuais e por aí fora serviram para quê se voltámos à vida antiga ainda com menos sensibilidade para o próximo? Quantos 11 de setembro vamos ainda ver passar sem realmente construirmos, em lugar de destruir?

 

Imagem de newsweek. com