22 Novembro 2022      10:13

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Agricultores alentejanos contra extinção das direções regionais

Maria do Céu Antunes, ministra da Agricultura

A Federação das Associações de Agricultores do Baixo Alentejo (FAABA) e a Cooperativa de Moura e Barrancos manifestaram-se contra a decisão do Governo de extinguir as direções regionais de agricultura, avança a agência Lusa.

Em comunicado, a federação explica que, “na sequência das posições já tomadas pela Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) e outras associações do setor, também a FAABA vem manifestar-se” contra a extinção das direções regionais de agricultura e pescas (DRAP) “e a sua integração nas CCDR”, ou seja, nas Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional.

Para a FAABA, esta decisão do Governo, que “desvaloriza a agricultura”, é “reveladora da falta de peso político da atual ministra da Agricultura”, Maria do Céu Antunes.

E “não trará qualquer vantagem para o setor agrícola”, mostrando ainda o “desinteresse do Governo por um setor tão importante para a nossa região e para o país, enquanto garante de soberania alimentar e ocupação do espaço rural”, acrescentou a mesma fonte.

Recorde-se que o Governo aprovou, na quinta-feira passada, em Conselho de Ministros, a resolução que dá início à transferência e partilha de competências de serviços regionais do Estado para as CCDR, em nove áreas, estimando que a reforma esteja concluída até ao final do primeiro trimestre de 2024.

As atribuições a transferir dizem respeito às áreas da economia, da cultura, da educação, da formação profissional, da saúde, da conservação da natureza e das florestas, das infraestruturas, do ordenamento do território e da agricultura.

A FAABA lembrou que o Conselho de Ministros decidiu aprovar a extinção das DRAP ao dar “seguimento à proposta do Conselho de Concertação Territorial”, órgão que “o Ministério da Agricultura nem sequer integra”.

“O que já não nos surpreende, se tivermos em conta o esvaziamento de funções e a indiferença a que repetidamente temos assistido por parte da sua tutela”, criticou.

A federação manifestou-se ainda contra esta decisão “tomada sem o conhecimento ou discussão com os agricultores e suas organizações” e que, “ao contrário do que é propagandeado pelo Governo no âmbito da descentralização, trará ainda mais falta de apoio e menor proximidade para com os agentes do território”.

Na sequência da decisão do Governo, a CAP já havia manifestado “oposição total, frontal e determinada” à extinção das DRAP, tal como a Confagri – Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas, que considerou que a medida “não vai ao encontro da identidade, especificidade e proximidade” necessárias a esta atividade.

Também em comunicado, a Cooperativa de Moura e Barrancos considera que esta decisão vai “esvaziar ainda mais a importância estratégica e capacidade de decisão” do Ministério da Agricultura, recordado ainda que a tutela já tinha “perdido” a área das Florestas para o Ministério do Ambiente e competências da Direção-Geral da Alimentação e Veterinária.

“A Cooperativa Agrícola de Moura e Barrancos subscreve na íntegra a posição manifestada pela CAP - Confederação dos Agricultores de Portugal que considera esta medida abusiva, absurda, antidemocrática e inaceitável”, pode ler-se no documento.

 

Fotografia de radiopax.com