11 Maio 2016      13:56

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AGIR COM LUCIDEZ

SEM MEIAS NEM PEIAS

Para a esmagadora maioria da sociedade, um indivíduo com sólida formação académica reunirá condição necessária para ter à sua responsabilidade o destino dos seus semelhantes.

Assim, não se estranha que, de entre os grupos sociais que se tornaram mais proeminentes no século XX, três elites se destaquem como grupo dominante na sociedade: os intelectuais, os gestores de topo e os altos funcionários governamentais.

De facto, os indivíduos com melhor aproveitamento escolar e com mais conhecimentos, geralmente, são os que ocupam posições cimeiras e prestigiosas na sociedade.

Contudo, até que ponto a maioria do membros das nossas elites têm operado mudanças no nosso quotidiano ao nível da igualdade, da justiça ou do bem estar comum? Ou são apenas produto e representantes de interesses mais poderosos, comandados, ordeiramente, por um pastor que apenas pretende retirar alimento dos seus animais?.

A questão assume particular relevância se pensarmos em temos da verticalidade humana, aqui entendida enquanto valor moral na qualidade da tomada de consciência, associada a uma postura coerente no pensar e agir.

A verticalidade é, e continua a ser, a postura da coerência, da essência da postura erecta bípede da espécie humana, em permanente evolução no seu conhecimento.

É evidente que as elites e as lideranças têm de ser capazes e eficientes. Porém, isso só não basta! A fina flor da sociedade não pode renunciar à missão de ser o freio de todas as formas de imoralidade, quanto mais agir de forma amoral e desonesta.

A moralidade é uma característica indissociável da humanidade e determina o sucesso no curso dos acontecimentos, designadamente quando a grande maioria da população luta para escapar da reclusão secular a uma vida de pobreza e subserviência.

Assim, seja qual for o conceito aceite para a definição da minoria social que se considera prestigiosa e que por isso detém algum poder e influência, a sua principal missão deveria ser a de colocar todo o seu conhecimento ao serviço do bem comum da humanidade e aperfeiçoamento do ser.

No entanto, se adicionarmos ao plano de discussão a noção de verticalidade pessoal, a desilusão é bem maior, basta estarmos atentos às ações e às omissões dos membros das nossas elites, à adulação e servilismo e facilmente concluímos que estamos perante uma sociedade dirigida por indivíduos sem brio e desonestos, de carácter e honra duvidosa, movidos pela ganância e munidos apenas de retórica e influência.

O sentido da vida e objetivo da existência humana não é, nem se resume, a alcançar, por qualquer meio, a riqueza pessoal ou o exercício do poder assoberbado.

Aludindo à resposta de Ulisses para Calipso: mais vale uma vida bem-sucedida de mortal do que uma vida fracassada de Imortal...

Esta é inestimável lição de sabedoria: viver com lucidez.

 

Imagem: reprodução de "The Son of Man", 1964, Rene Magritte.