O especialista Manuel Tão, da Universidade do Algarve, defendeu ontem (03) que o Aeroporto de Beja apenas necessita de acessibilidades para poder ter área de influência e ser complementar aos de Lisboa e Faro.
À agência Lusa, o especialista afirmou que esta infraestrutura aeroportuária “é uma solução na medida em que, estando construída, carece apenas de acessibilidades para ter área de influência”.
“Necessitamos que as distâncias que tem Beja a mercados como a Área Metropolitana de Lisboa ou o Algarve sejam substancialmente reduzidas”, sendo que isto “só é possível com um investimento na recuperação integral da Linha do Alentejo”, destacou.
O especialista em sistemas de transportes, que também é professor universitário, falou sobre o tema à margem de um seminário que a Plataforma Sim ao Aeroporto Internacional de Beja organizou na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Alentejo, em Évora, e no qual foi orador.
Manuel Tão salientou também que a Linha do Alentejo “tem um traçado bom”, adiantando ainda que os comboios poderiam superar os 200 quilómetros por hora, caso fosse feita a reabilitação desta ferrovia, o que permitiria “encolher distâncias”, uma vez que os comboios que partissem do Aeroporto de Beja poderiam chegar ao Pinhal Novo em 40 minutos e a Sete Rios ou Albufeira em pouco mais de 60.
O investigador sublinhou ainda que “a capacidade aeroportuária do país tem muitas limitações”, sendo este um problema que afeta o Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, e o Aeroporto do Algarve.
Dando como exemplo a utilização prevista do Aeroporto de Beja, este verão, a propósito da Jornada Mundial da Juventude, o docente universitário afirma que “isso já é uma antevisão daquilo que o país tem pela frente”.
“Necessitamos de injetar capacidade aeroportuária num sistema que está esgotado e isso só se consegue com algo que já está construído”, uma vez que “as necessidades são tão prementes que não há tempo para construir”, defendeu, avançando ainda que o processo de construção de um novo aeroporto pode demorar “uma década ou eventualmente mais”, desde a tomada de decisão por parte do Governo até ao início das operações.
“Nessa década, nem o turismo vai parar nem a pressão sobre os aeroportos existentes vai diminuir”, considerou.
António Ceia da Silva, presidente da CCDR do Alentejo, também marcou presença no seminário e afirmou que os argumentos defendidos pela Plataforma Sim ao Aeroporto Internacional de Beja devem “chegar ao Governo e ter sua aquiescência”.
“O Aeroporto de Beja está construído e outros não estão”, notou.
Recorde-se que a petição em defesa do Aeroporto de Beja e da criação de acessibilidades à infraestrutura, que conta com mais de 3.000 assinaturas, já foi entregue pela Plataforma Sim ao Aeroporto Internacional de Beja na Assembleia da República.
A recolha de assinaturas continua “até 30 dias” depois de a petição, que se encontra disponível em https://peticaopublica.com/mobile/pview.aspx?pi=PT115231, dar entrada na comissão parlamentar.
Fotografia de planicie.pt