1 Fevereiro 2021      11:08

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Abutre-preto e cinco grifos libertados em Mértola

Um abutre-preto, uma espécie criticamente em perigo em Portugal, foi libertado em Mértola, no passado dia 14 de janeiro, por colaboradores do RIAS – Centro de Recuperação e Investigação de Animais Selvagens da Ria Formosa e por vigilantes da natureza do Instituto para a Conservação da Natureza e Florestas (ICNF).

De acordo com o portal Sul Informação, além deste abutre (Aegypius monachus), recolhido em Serpa, foram também libertados cinco grifos (Gyps fulvus) que haviam foram encontrados exaustos em diferentes zonas do Baixo Alentejo e Algarve.

O abutre-preto, “rapidamente batizado de Bruma” por ter sido libertado num dia que “amanheceu nublado e misterioso” a partir de uma colina sobre o rio Guadiana, foi equipado com um emissor GPS-GSM fornecido pela Vulture Conservation Foundation (VCF).

Segundo o RIAS, “através dos dados transmitidos pelo emissor colocado, sabemos que após a sua libertação rumou para leste e está agora em Espanha”.

O centro lembra que “a devolução à Natureza deste animal é um importante contributo para a sua conservação”, acrescentando que, há um ano, “o RIAS reabilitou e libertou outro abutre-preto (denominado então RIAS, em homenagem ao nosso centro). Esta ave encontra-se atualmente em Espanha, na zona de Monfrague”.

O abutre preto está classificado como “Criticamente em Perigo” em Portugal e extinguiu-se como espécie reprodutora no país na década de 1970, principalmente devido ao uso generalizado de carcaças envenenadas para eliminar predadores indesejados.

Note-se que, com o aumento da população desta espécie em Espanha, abutres-pretos passaram a ser vistos com regularidade em Portugal, com a primeira reprodução registada no Centro de Portugal (Tejo Internacional), em 2010, onde agora existe uma pequena colónia de cerca de vinte casais, e depois no canhão do Douro Internacional, no Nordeste de Portugal, onde existem dois casais.

Em 2015, a espécie recolonizou a Herdade da Contenda, no Sudeste de Portugal, e tem criado com sucesso desde então nesse local, existindo agora pelo menos dez casais reprodutores.

Nos últimos anos, biólogos e agentes de conservação da natureza têm estado a monitorizar de perto o crescimento das populações de abutre-preto em Portugal.

Com a ajuda da VCF e da fundação MAVA, já foram marcados 12 abutres-pretos: 5 crias no ninho nas colónias do Douro e Contenda, e 7 aves oriundas de centros de reabilitação de fauna silvestre.

O emissor, que permite seguir os abutres, “pesa apenas alguns gramas e fornece dados valiosos que ajudam a informar ações de conservação mais precisas”. Com estes emissores, “são seguidos os movimentos, as áreas de alimentação e hábitos dessas aves, e permitem também detetar quando os abutres ficam feridos ou morrem”.

Adicionalmente, os dados revelados pelos emissores dizem quais as ameaças que os abutres enfrentam durante as suas viagens, o que permite aos conservacionistas realizar ações que reduzam os riscos e ajudem a apoiar a recolonização.

 

Fotografia de sulinformacao.pt