Está aqui

Artigos publicados

O fim do mundo e histórias de cigarras

Quando o fim do mundo começou, havia muitas cigarras a fumar cigarros. O fim do mundo começou devagar… a meio ainda aconteceu mais devagarinho e quando se aproximou do fim, as coisas estavam ainda mais vagarosas. Os que gostam de fazer piadas sobre tudo e mais alguma coisa, diriam que o fim do mundo aconteceu no Alentejo. Não acho piada a essas coisas porque a velocidade no Alentejo é tal e qual a todas as outras as velocidades.

O flamingo

Era azul! A cor não é a certa, mas ele era azul como o céu e como o mar. Chamava-se Flamingo. Trabalhava na empresa de construção porque era, como se diz na América, um blue collar worker.

As pupilas da senhora Coruja

A senhora Coruja era professora numa escola do meio da floresta. Era uma senhora professora de um tempo em que as escolas e a educação era muito diferente daquilo que é hoje. Um tempo passado que já não existe e não voltará. A evolução da realidade criou barreiras que levam a que esse tempo não regresse nos mesmos moldes. Nem os manuais de ensino existem como existiram, na disposição dos conteúdos e nas mensagens transmitidas em palimpsesto.

Na aldeia, a professora era a figura mais respeitada. Ela e o médico, mas nesta aldeia o médico não existia. Só na vila mais próxima.

O Leão que só gostava da cor verde

Era uma vez um leão, grande e forte, que rugia mais alto que ninguém é que dominava a selva onde vivia. Este leão, não era o único. Vivia harmoniosamente entre tigres, águias, hienas e dragões. A harmonia entre eles era tal que todos os fins de semana partilhavam jogos de futebol. Ninguém se chateava. Jogavam intensamente mas dentro e fora de campo era um fair-play impressionante.

O reencontro

Todos os dias à mesma hora, durante anos, encontravam-se às escondidas num beco insuspeito. Viviam ambas na cidade mais populosa do mundo e sempre ali tinham vivido.

Durante todos esses anos em que se encontravam, pontualmente, à mesma hora naquele lugar, sabiam que a vida é etérea e tantas vezes incerta e fugaz. Essa consciência levava-os a manterem esse ritual. O encontro diário era importante. Nunca durava mais do que 15 a 20 minutos, mas era intenso, de partilha, de segredo.

O raspelho

Ninguém o conhecia. Ninguém sabia quem era. De facto, é complicado começar uma fábula com o pronome indefinido ninguém. Este, por muita pena minha e tristeza, alguma, começava assim. O raspelho nunca tinha sido ninguém importante, nunca tinha feito um feito que aparecesse na televisão… o raspelho era uma pessoa discreta, que não gostava de ser capa de revista, alguém que não pensava nunca ser parte de algo maior. Era o raspelho que passava os dias no meio da terra e da palha e isso bastava-lhe.

A formiga e a linha do comboio

Era uma vez uma formiga que se chamava Miga. Era uma formiga forte e trabalhadora que não parava. Todos os dias trabalha, de manhã à noite. Mal o sol nascia já a Formiga Miga estava a trabalhar. O Sol punha-se e a Formiga Miga ainda estava a trabalhar. Era incansável.

Miga trabalhava na construção. Durante muitos anos tinha trabalhado na agricultura mas de um dia para o outro passou a trabalhar na construção, mas sempre ao ar livre. Miga trabalhava na construção dos caminhos de ferro do Alentejo.

A Fraca forte

Condenada a 15 anos de prisão, Fraca já passara 12 anos nesse lugar imundo, que seriam os piores da sua vida. Iria sair em breve, em liberdade condicional. Nuca lhe passou pela cabeça poder acabar neste lugar onde cada dia era um desafio à sobrevivência. A prisão onde foi parar era a pior de todas. Conhecida amplamente por ser uma prisão de alta-segurança, agregava em aí toda a pior espécie de animais criminosos.

A sardinha e o carapau

Era uma vez um mundo que deixou de existir tal como o conhecemos. Era uma vez um país que, depois da crise que mudou o mundo, se voltou para o espaço.

Como já tinha feito há muitos anos atrás, Portugal, vendo a sua terra toda atrasada decidiu sair das suas fronteiras territoriais e rumar a novos destinos.

O carapau e a sardinha

Esta é a semana de falarmos sobre o casal de assaltantes mais famosos da região sul de Portugal, o carapau Besugo e a sardinha Bexiga. Na próxima semana, contar-vos-ei a história da sardinha e do carapau, que são personagens completamente diferentes.

O carapau Besugo e a sardinha Bexiga nasceram em zonas diferentes. Besugo nasceu em Peniche e Bexiga em Sines. Conheceram-se num intercâmbio de escolas de peixes, quando ambos frequentavam um curso técnico-profissional de engenharia de instalações.

Páginas