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Sociedade

O BAILE DAS VÉSPERAS

Véspera de Natal. Sábado, dia 24 de dezembro de há muitos anos atrás. A noite caía cedo nessas alturas, aliado ao facto de não haver eletricidade e, portanto, sem qualquer luz artificial. Via-se apenas aquilo que a Lua e as estrelas alumiavam, lá de cima do céu, quando este estava aberto. Quando estava nublado ou chovia, era o breu completo e andávamos todos aos pontapés com as pedras e com as moitas na beira dos caminhos de cabra que existiam nessa altura.

VAI ÀS COMPRAS? CUIDADO

O marketing e a publicidade são mais complexos e profundos que aquilo que a maioria das pessoas pensa. Envolvem psicologia, sociologia etc.

Por exemplo, a arrumação e organização de um supermercado não acontece de forma aleatória, pelo contrário, têm lógica e uma certa ciência por detrás, na verdade, há truques que os supermercados usam para fazer com que compre o que não precisa, ou que os seus filhos o obriguem a fazê-lo.

FAMEL

O moço havia de ter os seus treze, catorze anos. Notavam-se na sua cara os primeiros pelos e as primeiras borbulhas da puberdade. O seu corpo começava lentamente a mudar e sentia-se também já na sua voz esganiçada que umas vezes era grossa e outras vezes de criança. Aquilo alternava e fazia o som de uma cana rachada muitas vezes, mas ele não se importava. Aliás não sabia muito bem porque é que aquelas mudanças todas estavam a acontecer. Mas se estavam, isso seria por uma boa razão, pensava ele.

CADEIRAS

O corredor era enorme, quase a perder de vista. Num daqueles palácios antigos, onde as pessoas iam, agora, todos os dias, onde sempre entravam e saiam, nunca passando lá mais tempo do que aquele extremamente necessário, havia uma peculiaridade. O corredor estava pintado de branco, em arco, quase em nada a cobrir as paredes. Nelas, de um lado, janelas grossas, com vidros baços e grades feitas de um ferro tão forte que lembra a nossa história antiga. Tinham, aliás, como não seria de esperar outra coisa, feitos nessa altura.

JANELA SEM VIDROS

O monte era um monte antigo, caiado e construído com pedras ali das redondezas. O casal que lá morava era tão velho, mas tão velho que atravessara já dois séculos e continuava ainda rijo como se tivessem vinte anos agora. Ao lado do monte, uma azinheira ainda mais velha do que o casal e do que a cal da parede da casa. Não era tão velha como as pedras que faziam da casa uma casa, mas era já bem avançada nos anos.

AINDA NOS RESTA UM TEMPINHO ATÉ AO FIM DO MUNDO

A Torre de Hanói é um passatempo que foi criado pelo matemático francês Edouard Lucas, em 1883. Na sua forma original, publicada na obra Récréations mathematiques  (1882-1894), a Torre de Hanói consistia em três pinos fixados num suporte e 8 discos de diferentes diâmetros, inicialmente dispostos num dos pinos, por ordem decrescente do seu diâmetro, formando uma torre de forma aproximadamente cónica.

JÁ NÃO TENHO MEDO

Quantos anos se vivem até morrer? E quanto é necessário arriscar para viver enquanto se vive? - Estas perguntas têm andado comigo como duas melhores amigas. Sem esperar uma resposta mas em contínuo diálogo. Sem me apressar mas guiando os meus pés pequenos mas de passada segura. Segura hoje. Segura depois. Segura porque diz: já não tenho medo.

Quantos anos se vivem até morrer? - Onde estamos nós enquanto a vida acontece na nossa vida e nós não a vimos acontecer porque a vivemos demais...ou demasiado pouco?

MÃO FURADA

As noites frias de que vos falei na semana passada, depois das papas de milho, barriga já cheia, bochechas rosadas e uma vontade de dormir imensa, levavam os pequenos as barrigas cheias para a cama e deitavam-se debaixo dos lençóis e das mantas quentinhas que afugentavam, ainda que pouco no início, o frio que rodeava toda a casa e conseguia entrar pelas brechas da janela e por debaixo das portas.

PAPAS DE MILHO

Estes dias frios de Inverno que agora se aproximam trazem-me à memória aquelas noites meio frias da minha infância, quando ainda não tínhamos eletricidade em casa. Devia ter aí uns cinco anos. Naquele tempo, anos 80, ainda muitas infraestruturas estavam por construir nos perdidos montes da Serra do Caldeirão.

O MISTÉRIO DO GRILO QUE NÃO FAZIA BARULHO

Encontraram-se perto da meia-noite, junto do aquário, atrás do parque da cidade, às escuras para não dar muito nas vistas em relação ao propósito do seu encontro. Não, não era nada disso que estão já a pensar. Não se iam encontrar para conspirar nem para fazer poucas vergonhas. Isso não era história para ser contada aqui, nem haveria tempo de desenvolver todo o enredo… só eles sabiam o que se poderia dizer… Nas mãos, lanternas a pilhas, na cabeça, gorro e cachecol a tapar a cabeça. Iam preparados para qualquer eventualidade.

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