Está aqui

Sociedade

A Semana Cultural de Alcáçovas

“A cultura é o modo avançado de se estar no Mundo, ou seja a capacidade de se dialogar com ele. “

Virgílio Ferreira

 

Discorridas duas semanas sobre o término da 24ª edição da Semana Cultural de Alcáçovas, dois anos após uma sentida ausência, parece oportuno encetar uma ponderação sobre a mesma e sobre as eventuais virtudes deste tipo de iniciativas numa freguesia de baixa densidade populacional.

Ela

Alguém que a acorde. Alguém que a traga de volta. Alguém. Só (é) preciso alguém.

Sem vida, mas intacta, caracterizada pela energia contagiante, aqui está ela, presente tudo e todos. A luta está constantemente presente no seu quotidiano. Hoje, a luta entre pedir auxílio ou se deixar levar pelas rajadas fortes de ventos que faz tremer corpos. A sua cabeça atinge o auge de força e, de tão pesada que se encontra, cai já como se fizesse parte do plano.

Azulejos

Enchi a sacola com pedras que fui apanhando no meu percurso e pedaços de argila junto a um ribeiro que enchi com as minhas lágrimas derramadas, tantas vezes por coisas sem importância ou sentido. Não eram tantas lágrimas que pudessem encher esse ribeiro, mas na sua mistura com as lágrimas de outros que por lá passaram e outros ainda que passarão, as lágrimas transformaram o Ribeirão num mar, devido ao sal nelas contido.

A argila misturou-se com as pedras que já se encontravam no saco que, aos ombros, carregava com dor.

Esta estória da competitividade está-nos sempre a tramar!

Somos sistematicamente bombardeados que os nossos territórios do interior e de baixa densidade populacional, não são competitivos face aos territórios altamente povoados do litoral. Que não vale a pena apostar e investir significativamente no interior.

É também comumente ´´aceite´´ que as pessoas vão para onde há economia e a emigração dirige-se para os centros urbanos do litoral. Essa é uma tendência bem velhinha, que ninguém consegue (ou quer) contrariar.

Não há gente para trabalhar?

Há poucos dias, vi esta informação colada no vidro de um estabelecimento comercial e fiquei um pouco apreensivo… Sabemos que a situação é transversal ao país, mas a nossa região também já “se vê a braços” com o problema.

O castiçal

Parecia que tinha sido um palácio outrora, há muitos anos atrás, quando as princesas vestiam vestidos longos que tapavam os tornozelos e os decotes eram mais exuberantes do que são hoje em dia.

Parecia que aquele palácio fazia parte de um conto de fadas, de uma história de era uma vez que nunca posicionava a história no tempo cronológico certo, mas havia sempre alguém que sabia o desfecho.

A bomba atómica mudou tudo exceto a natureza do homem

Na passada sexta, contaram-se 77 anos que caiu a primeira bomba nuclear usada pelo Homem em combate – 5 de agosto de 1945. Estávamos na Segunda Guerra Mundial, os combates vinham acontecendo um pouco por todo o mundo, com destaque para a Europa e a área do Pacífico. A Alemanha de Hitler já tinha capitulado (em maio desse ano), mas o Japão continuava a resistir fortemente.

Monte das Almas

Sentava-se solitário no poial caiado de branco. Detentor de uma pele enrugada, queimada e rasgada pelo Sol intenso dos dias de verão, a sua única companhia era um cão rafeiro, que se sentava na pequena sombra que o homem lhe proporcionava.

Vestido de negro, com uma camisa tão queimada do Sol e do tempo como a sua pele, via-se nele o peso de uma vida e de muitos anos. O seu olhar perdia-se no horizonte, na imensidão dos montes e dos vales em frente ao Monte das Almas. Neste tempo de verão, tudo o que se avistava era um misto de verde seco com castanho e amarelo torrado.

A lenda dos quatro olhos II

Depois dos latidos dos cães, três, a festa começou. O moço e a moça tinham ido os dois à festa, como sempre tinham ido desde que se conheciam por gente. Deviam ter agora os seus catorze anos. Eram da mesma idade. Aliás, tinham nascido os dois no mesmo dia e à mesma hora. Coincidência ou não, o destino marcava os dois de uma forma nunca igual. Ele nasceu no cerro, do lado da umbria e ela nasceu do outro lado, o da soalheira. Ela tinha nome de flor e ele de flor tinha.

Já se tinham visto tantas vezes na festa, sentados na igreja, um na coluna da esquerda, o outro no lado direito.

O enunciado

Eram 8:00, 8:30 da manhã quando chegaram ao local de aplicação, num lugar qualquer deste mundo, numa qualquer disciplina, num qualquer nível de ensino.

As nossas crianças e adolescentes passam todas, como todos nós passamos, por momentos de teste. Somos testados a cada momento e em diferentes aspetos da nossa vida. As relações testam-nos, a família testa-nos, a escola, o trabalho, os amigos, a estrada, os reflexos, os jogos. Tudo é um teste mais ou menos convencional.

Páginas