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Leonor de Matos Pereira

Carta de uma adepta do Benfica

Querido Benfica,

Escrevo-te como ato de desespero, amo-te desde que me lembro de existir e sei que amarei até deixar de existir.

Às vezes dizem que te amo demais, que te vivo demais, que sofro por ti demais.... Dizem e eu não ouço, corres-me nas veias e cresci sempre ansiosa por te ver triunfar, confesso que, por vezes, nem dormia antes dos grandes jogos.

Chamem-me doente, porque sou doente por ti e não tenho vergonha de o admitir.

(Des)Ventura

Por Leonor de Matos Pereira

André Ventura tem vindo a declarar que, em setembro, estará por Évora, numa marcha contra o antirracismo.

Ora, começando por aqui, coloca-se uma questão inicial: o que é uma marcha contra o antirracismo? Não deveríamos chamar as coisas pelos seus nomes? Uma marcha contra o antirracismo é uma marcha a favor do racismo, uma dupla negação é, logicamente, uma afirmação.

E agora?

Vivemos numa altura sem precedentes, em que enfrentamos uma pandemia que se espalha com uma tremenda rapidez, cujo principal foco de transmissão se dá através do contacto social. 

Estivemos confinados, assistimos a países onde o caos se instaurou, onde as mortes aumentaram dia após dia, assistimos a milhares de profissionais de saúde contagiados, profissionais de saúde exaustos, a lutar pelo mundo, a lutar por nós.

Tivemos tudo e, de repente, não tínhamos nada, nem a nossa “liberdade”, nem a nossa rotina, nada do que sempre demos por adquirido.

Montes Alentejanos e Covid-19

Há alguns dias fizeram um comentário inacreditável em televisão nacional, demonstrando a falta de conhecimento e a ignorância daqueles que cresceram nas grandes metrópoles do país.

Não quero com isto dizer que todos sejam assim, não quero com isto dizer que todos tenham tão pouca capacidade de observação ou um mínimo de cultura geral, longe disso.

Com 4800 euros, para onde ias?

Surgiu uma proposta por parte do Governo para que se “oferecesse” até 4800€ a quem quisesse habitar e trabalhar no interior do país. Ora, perdoem-me se estou errada, mas não será isto mostrar ainda mais a desvalorização que se faz sentir diariamente no interior do país por quem aqui habita?

Não será isto demonstrar que as desigualdades são reais e que o próprio Governo, ciente disso, as acentua ainda mais? Questiono-me se o valor de 4800€ será suficiente para tornar esta área do país atrativa? Será que é este valor que vai trazer vida a esta zona? Será?