Está aqui

José Carlos Adão

História de uma folha que se recusou a deixar a árvore caducifólia...

História de uma folha que se recusou a deixar a árvore caducifólia onde vivia e passou o inverno a tremer de frio, fruto da sua teimosia.

Era uma vez uma gaveta de papéis onde toda a gente escondia os segredos...

Era uma vez uma gaveta de papéis onde toda a gente escondia os segredos e que, quando se fechava, não contava a ninguém o que aí se passava

Num determinado dia, antes que a noite se instalasse no planeta terra, existia uma casa grande… quase uma mansão… onde as pessoas entravam e saíam com irregularidade. Essa terra era muito longe de todos os lugares conhecidos. E as pessoas que lá moravam sabiam que naquela casa ninguém entrava. Quem lá entrasse sabia que aquela era a casa dos segredos. Se assim não fosse, não entraria lá.

O conto da noite em que todas as luzes do mundo se apagaram ...

... e a própria luz da Lua se recusou a iluminar as pessoas que buscavam a luz da meia-noite.

Faltavam poucos minutos para a meia-noite, para as zero horas do dia seguinte. Esse era o momento em que as coisas deviam continuar como sempre estavam… as luzes criadas pelo homem continuam a iluminar o nosso mundo. Durante o dia, a luz do Sol deixa ser a única a terra, e assim o faz.

Era uma vez uma couve que queria ser alface...

Era uma vez uma couve que queria ser alface porque o tempo é mais ameno no verão, mas que enquanto semente se enganou e acabou longe de casa a ser comida por um esquilo.

O conto de um sapato que fugiu...

O conto de um sapato

que fugiu

do

dono

a sete

pés

e perdeu o

irmão gémeo

A concentração

Há demasiadas distrações no nosso dia e na nossa vida. As coisas acontecem e repetem-se distraindo-nos do essencial. Esse mesmo que nos não sabemos qual é nem o que é. Há coisas e momentos que se cruzam connosco e que não conseguimos decifrar. A concentração é fundamental para chegar ao momento em que o resultado do movimento chega ao final sem ter intermédios.

A hesitação

Não sei bem como começar este texto. Há várias possibilidades de se iniciar alguma coisa e cada uma delas pode ter desfechos diferentes. Não sei se devo iniciar um texto definido e cujo tema já está definido, ou se devo prosseguir uma linha de pensamento que não está ainda bem definida, mas que me permitirá seguir por caminhos abertos. Não sei o que fazer. A dúvida e a escolha acompanham qualquer processo criativo ou decisões práticas diárias.

O barulho

É ensurdecedor. Demasiado grande o ruído que se ouve daqui e de além. Não se consegue ouvir nada mais além de um burburinho que é algo que cresce e se torna insuportável.

O barulho faz parte da nossa vida. Na morte certamente já não o ouviremos mas ele continua ao nosso redor. Até na sepultura o barulho incomoda os cemitérios. Não que alguém se queixe, mas há um ruído que dura e perdura em cada uma das entradas e saídas de uma casa sem vida.

A vergonha

Começo a escrever esta semana com algum receio, alguma insegurança em colocar as palavras juntas e construir frases que não sei se farão sentido algum. Se assim for, terei vergonha de escrever as linhas que se seguem.

Sendo muito semelhante a um camaleão, a vergonha pode assumir diferentes formas e aproximar-se daquilo que mais receamos.

Páginas