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Duarte Carrasquinho

E fez-se português

Tenho feito o exercício de refletir sobre qual foi o momento em que Portugal se tornou Portugal e os portugueses se tornaram portugueses.

Passando os olhos pela nossa história, identifico vários marcos que contribuíram para a construção da nossa identidade coletiva.

Será que foi, como descreveu Alexandre Herculano, na sua bela expressão, “a primeira tarde portuguesa”, quando os exércitos do nosso primeiro rei se digladiaram nos campos de São Mamede contra as tropas galegas de Fernão Mendes de Trava, amante de sua mãe?

Uma ideia de interior

Quando olhamos para o mapa de Portugal, a noção de "interior" desafia a lógica convencional da geografia. Afinal, o que significa realmente este termo num país tão pequeno, onde o mar nunca está longe e onde as distâncias internas são modestas?

A batalha pela memória

A memória exprime uma relação social pela hegemonia na sociedade. O que uma sociedade escolhe preservar na sua memória coletiva forma o solo fértil para o modelo de sociedade em que se quer viver. A memória é, por isso, uma batalha constante.

Cada indivíduo carrega a sua própria história, composta por vivências pessoais e relatos de terceiros. Se a memória que cada um tem da sua própria vida se vai modificando e se desvanece à medida que o tempo passa, o mesmo acontece com acontecimentos que não vivemos na primeira pessoa e que nos são narrados das mais diferentes formas.