O meu primeiro cão chamava-se Piriquito e a memória mais remota que tenho dele remonta à altura em que eu teria 3 ou 4 anos. A presença de um animal de estimação para uma criança, especialmente um cão, sempre marca e torna a vida muito mais interessante. Recordo-me bem da nossa amizade profunda, da nossa cumplicidade. Era um cão baixo. Nenhuma raça em especial, mas muita personalidade. Guardo ainda fotos dele que nos tiraram. A nossa amizade manteve-se enquanto foi possível pois, aquando do meu nascimento, o Piriquito já era velho e a duração das nossas vidas é diferente. Jamais esqueci os momentos até hoje. Os seus olhares de aprovação, de inclinar ligeiramente a cabeça quando me queria dizer alguma coisa ou pedir comida, essencialmente por telepatia pois não nos seria fácil utilizar o mesmo código de linguagem. Era o meu cão, o meu melhor amigo. Às vezes fazíamos corridas monte acima, no meio do Caldeirão, em que, obviamente, ele ganhava sempre. Correr com quatro patas é, aparentemente, mais vantajoso do que com duas. Acho que as galinhas têm a mesma opinião que eu.