9 Fevereiro 2015      00:00

Está aqui

O correr dos dias | 9 fev «Agências de "rating": serão confiáveis?

No mesmo dia em que a Agência de rating “Moody's” cortou o 'rating' de cinco bancos gregos - com base na "reduzida probabilidade de um apoio sistémico" aos bancos gregos, tendo em conta "a incerteza agravada em relação à capacidade de o Governo chegar a um acordo com os credores oficiais a tempo de satisfazer as suas necessidades de liquidez e de financiamento" - de acordo com a agência Lusa, nos Estados Unidos, outra agência de rating, a “Standard & Poor’s”, pagou 1,5 mil milhões de dólares aos governos central e estaduais americanos. Deste modo, a “Standard & Poor’s” evita a batalha legal depois de ter sido acusada de ter tido um papel decisivo na crise do subprime.

É curioso que muitas decisões das agências de rating surgem em determinados timings convenientes a determinadas correntes políticas, mais até que por evoluções de mercado. Fazem previsões e baseiam-se muitas vezes em suposições, que mais que em factos económicos, tem por base outro tipo de motivações. A Rússia, por exemplo, já referiu que a sua “rating tem “motivações políticas”. Que poder e credibilidade têm agências de “rating” para fazer futurologia? Que interesses servem? Terão uma agenda oculta?

Mas hoje foi também o dia em que a Áustria se colocou do lado da Grécia e criticou a atitude de “esperar para ver'" aplicada pela Alemanha.

Alemanha que, soubesse hoje, teve no ano de 2014 o maior excedente comercial de sempre! Segundo o Destatis, o departamento federal de estatísticas alemão, o valor do excedente comercial é de 217 mil milhões de euros.

Mas também a Galp fez saber hoje que os seus lucros aumentaram 373 milhões de euros em 2014 –segundo O Observador, mais 20,2% em relação ao ano anterior. Atentando os portugueses ao facto das sucessivas e significativas quedas do preço do barril de Brent no mundo, nunca corresponderem a um quebra significativa do preço na hora de abastecer. No entanto, quando aumentava o preço do barril de Brent, notava-se bem no aumento dos combustíveis. Certo é que muito do que se paga é imposto, mas 373 milhões de euros de lucro dão que pensar. Onde andam as autoridades energéticas e da concorrência?

Segundo o presidente da Galp, Ferreira de Oliveira, andam a perseguir a Galp. Este revela que a “Galp é tratada como uma empresa que abusa do poder que não tem” e que tem sida vítima de leis contra ela e enuncia alguns exemplos:

- legislação que impõe uma rede low-cost em todos os postos;

- Uma entidade de fiscalização do mercado que qualifica de “redundante”, lembrando que há inúmeros organismos nacionais e europeus a fiscalizar os preços, e que, do seu ponto de vista, transmite para os clientes uma imagem do setor que este não merece;

- A contribuição extraordinária sobre a refinação, que refere como discriminatória;

- O alargamento da contribuição extraordinária aos contratos de take or pay de gás natural, através de uma lei que descreve como “arbitrária”, e que defende, não deve passar pelo controlo da qualidade legislativa;

- A criação da taxa de fiscalidade verde que não permitiu transferir a totalidade dos benefícios da descida do petróleo para os consumidores.

É curioso, parece obra de “spin doctor”, tal como as declarações da Ministra da Justiça sobre a despenalização das drogas leves: é para fazer, mas não agora. A deputada socialista Luísa Salgueiro, disse que este tema "só serve para causar ruído".

Será mesmo? Ou haverá inocência política da ministra?

Pedro Passos Coelho demarcou-se e disse que "não é matéria que esteja no programa do governo".

O que está nos planos do executivo de Passos Coelho é pagar antecipadamente 14 mil milhões ao FMI, segundo avança a TVI, o que significa pagar mais de metade do empréstimo concedido pelo FMI a Portugal (25 mil milhões de um total de 75.400 milhões de euros do valor total do resgate).

É claro que são sempre boas notícias ser-se capaz de pagar as dívidas e até de antecipar o seu pagamento. Mas que custos tem tido esta posição de “menino bem-comportado”, que engraxa a “stora”, para a generalidade dos portugueses?

Também hoje, pelo INE, foi noticiado que as nossas importações cresceram mais do que exportações, fazendo aumentar o défice da balança comercial 925,8 milhões de euros, ultrapassando os 10 mil milhões.

Exportámos mais 1,9% que no ano de 2014, mas é um aumento menor que os 4,5 de 2013. No outro fiel, as importações aumentaram 3,2%, mais 0,9% do ano anterior.

Serão estes sinais de um país que pode antecipar o pagamento das suas dívidas?

Foi anunciado, também hoje, um programa de estágios da administração local (PEPAL), com a duração de 11,5 meses, terá 14,5 milhões para contratação de 1.500 jovens, comparticipados em 92% por fundos comunitários.

Destinam-se a jovens até aos 29 anos, ou 35 no caso de possuírem deficiência, que procuram o primeiro emprego ou estejam desempregados, e que tenham qualificação correspondente à licenciatura.

Notícias de “nuestros hermanos”, de visita a Lisboa, dão conta da possibilidade de terroristas independentistas da Galiza quererem criar base em Portugal, de acordo com o ministro do Interior espanhol, Jorge Fernández Diaz. O ministro espanhol disse ainda esta é uma organização em nada comparável à ETA basca.

 Nota final para a excelente entrevista de Alexandre Quintanilha ao Jornal i: para ler e reflectir.

Luís Carapinha, editor