2 Fevereiro 2015      00:00

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O correr dos dias | 2 fev

Este fim-de-semana podia ter ficado gravado na história da democracia portuguesa, uma vez que em debate estava a realização de eleições primárias para a eleição de candidatos a deputados, no seio de um dos maiores partidos portugueses.

Podia porque não ficou assente que assim seja; Costa não assumiu enfrentar as estruturas e empurrou para elas a decisão de fazerem ou não as primárias. Perde o PS, mas também o país que podia ter aqui um exemplo – e são cada vez menos – de abertura e democracia, de mais participação na política ativa e se aproximar mais da maioria dos modelos europeus.

António Galamba disse, nas redes sociais, que “o aparelho sai reforçado, os socialistas saem a perder” e que, com esta decisão “Perdeu-se pluralismo. (…) Em vez de se abrir, o atual PS está a fechar-se sobre si próprio. “

Costa que, segundo o Observador, disse hoje que os partidos de esquerda não devem “digladiarem-se entre si”, referiu também, ao longo do fim-de-semana, que o PS não é o Syriza, nem o PASOK. E a julgar pelos resultados das sondagens em Espanha e pela mega-manifestação de apoio ao “Podemos” – mais de 100.000 pessoas em Madrid - também não deve ser o “PSOE”.

Mas quem é então este PS que perdeu ímpeto reformador e que não descola nas sondagens? Quem é este PS de Costa, líder carismático, que tarda em confrontar o “establishment” e marcar a mudança?

Ainda cá no burgo, alterações de regras na medição dos índices de pobreza, fez com que 640 mil pessoas tivessem “deixado” de ser pobres, pelo menos nos números, de acordo com o Expresso.

Mas da Croácia chega uma notícia inovadora. O país perdoou dívidas a cerca de 60 mil cidadãos num programa que chamou de “Novo Começo”.

As perdas serão absorvidas por bancos, empresas e municípios, numa medida que o primeiro-ministro, o social-democrata Zoran Milanovic, considera excecional, mas revela orgulho nela pois facilitará a vida de pessoas que viram as suas vidas estragadas por esta crise duradoura.

Lá perto, na Ucrânia, tudo na mesma também.

Os combates entre milícias pró-russas e forças ucranianas continuam e voltou a falhar-se um acordo de Paz.

França e Alemanha, além da Ucrânia, insistem na necessidade de um cessar-fogo imediato, num país em que já morrerem cerca de 5.000 pessoas neste conflito.

É quase inevitável não falar da Grécia, do périplo pela Europa dos seus representantes em “operações de charme” e de vir também agora Obama dizer que deve existir menos austeridade na Grécia; que deve existir uma estratégia de crescimento e que a Grécia se deve manter no euro.

Numa entrevista à cadeia norte-americana CNN Obama defendeu que “Não se pode continuar a apertar os países que estão numa depressão profunda. Em algum momento tem de haver uma estratégia de crescimento para que esses países sejam capazes de pagar as dívidas e reduzir os seus défices”.

Obama disse ainda que “o melhor modo de reduzir o défice é crescer”.

Nota final para mais um insólito, o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, foi obrigado a corrigir o currículo por conter um mestrado em Economia que era falso. No entanto, Dijsselbloem continua a exercer o seu cargo, como se nada fosse e nada acontecesse na impunidade da alta-roda europeia. É o vale tudo!

Tudo na mesma…

 

Luís Carapinha, editor