3 Outubro 2014      01:00

Está aqui

O Belo

Caros leitores,

ao longo da minha vida académica muito se falou no Belo. “…O Belo é a perfeição que pode atingir ou atinge um objecto visto, ouvido ou imaginado”(Hegel). Existem dois tipos de Belo, o natural e o artístico. O Belo natural é um elemento que não foi trabalhado e geralmente é associado à natureza. O Beloartístico já se refere a algo que é trabalhado.

Até aqui tudo certo, mas, como é que se pode chamar a algo de Belo? Como se faz esta avaliação? Quem a faz e quais são os seus critérios? São nestas questões que eu já tenho dúvidas e nunca fui totalmente elucidado ou pelo menos não fiquei totalmente convencido. Claro que a avaliação é feita sob um ponto de vista estético tendo em conta vários aspectos técnicos e desenvolvida por especialistas. Logo esta avaliação faz com que o Belo seja um conceito um tanto elitista pois a esmagadora maioria não iria identificar esse Belo.

No caso da música em si, pegando por exemplo no último andamento da 9ªSinfonia de Beethoven, penso que não serão só os técnicos a identificarem-na como Belo, mas quando nos referimos a uma obra erudita do Séc. XXI a questão já é mais dúbia principalmente aos olhos do ser comum. A conclusão a que chego é que é necessário uma certa distância histórica para se poder chegar a um consenso em relação a uma obra (salvo as devidas excepções). Na música são muitos os exemplos de obras que na sua estreia foram vaiadas quer pelo público quer pelos críticos mas que hoje em dia representam o Belo na sua plenitude. Um exemplo disso é a Sagração da Primavera de Igor Stravinsky que gerou uma verdadeira revolução na audiência mas que hoje em dia representa sem dúvida o Belo.

A estética é maleável com o tempo e talvez seja por isso que me faz tanta confusão quando se falam de obras recentes. No Jazz foram inúmeras as gravações desprezadas feitas por músicos que viveram na miséria e que hoje em dia são considerados como Belo. E aqui sóestamos a falar de uma distância temporal de 50/60 anos. Na minha opinião penso que os próprios estéticos do Séc XXI irão considerar músicas dos Queen como Belo.

http://www.wqxr.org/#!/story/180948-top-five-classical-music-riots/

 

Foto de: www.knightarts.org