No passado dia 21 de Janeiro abriram as candidaturas ao Programa Investe Jovem, programa esse destinado a jovens desempregados com ideias e projetos que lhes garantam a criação do seu próprio emprego. Com uma dotação orçamental de 11 milhões de euros, perspetiva-se que possa apoiar 400 iniciativas empresariais.
Até aqui nada de novo, as linhas que escrevo acima são iguais às que li em dezenas de notícias alusivas ao tema.
É bom lembrar que atravessamos um momento de relativo fervor no que toca à abertura de novos concursos, dos tão esperados fundos comunitários, e nunca como agora o “empreendedorismo” esteve na ordem do dia.
Daí que a minha reflexão de hoje comece pelas candidaturas a este programa, ao qual reconheço importância e valor, muito por recuperar aspetos bem-sucedidos das Iniciativas Locais de Emprego (ILE’S).
Abertas as candidaturas, só nos falta uma coisa…os empreendedores!
Permitam-me um parenteses para referir que não podemos descurar o facto de que, atualmente, um empreendedor já encontra métodos de financiamento alternativos cada vez mais apetecíveis, mas sobre isso poderei escrever outro dia.
Retomando a linha de pensamento do interesse deste programa e da necessidade de encontrar empreendedores, sinto-me na obrigação de dizer que não devemos confundir empreendedorismo com autoemprego.
Muitas vezes parece-me que andamos a “empurrar” os nossos jovens para o empreendedorismo, dando-lhes uma falsa ilusão de facilitismo, sugerindo a existência de uma panóplia de apoios e incentivos à sua disposição.
Já ando por aqui há tempo suficiente para poder afirmar que nada disto é fácil! Muitas vezes o meu melhor conselho foi “não avance, não faça!”.
É uma tremenda ilusão pensar que para ser empreendedor basta pegar numa ideia/produto/conceito, dar-lhe um nome estrangeiro, ter presença nos meios sociais e voilá…. É o suficiente para aparecer numa qualquer reportagem sobre novos empreendedores e todo o sucesso que estão a atingir? Não, isto não chega! Ser empreendedor é muito mais, é muito mais difícil e complexo do que a ideia que muitas vezes se tenta “vender”, mas é obviamente muito mais recompensador, a tantos níveis.
Há que não esquecer que para além das competências empreendedoras que qualquer empreendedor deve ter, que podem e devem ser adquiridas e treinadas (a tal capacitação), o empreendedor “tem de ter” um determinado perfil! Deve combinar quatro atributos fundamentais – paixão, inteligência, coragem e sorte – e o resultado das diferentes combinações dar-nos-á diferentes tipos de empreendedor.
Sem estes quatro atributos, muito dificilmente se conseguirá ter sucesso como tal. E a realidade é mesmo esta, nem todos possuímos essas características nas doses necessárias, nem todos somo empreendedores…
Mas uma região Alentejo que se quer e se deseja mais empreendedora não pode ambicionar que o sucesso deste programa seja apenas a criação do próprio emprego para jovens desempregados.
O verdadeiro sucesso de um programa como este reside no facto de conseguir ter jovens empreendedores, com boas ideias e o devido apoio para as implementar para que com o seu sucesso consigam criar postos de trabalho.
Dai que seja legítimo dizer que empreendedores precisam-se…