O Sindicato dos Trabalhadores de Arqueologia (STARQ) expressou preocupação com o estado de degradação da villa romana de Pisões, situada na Herdade da Almagrassa, a cerca de 10 km de Beja. No âmbito do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, celebrado ontem, 18 de abril, o sindicato organizou uma ação de sensibilização no local, que reuniu cerca de 15 participantes, incluindo cidadãos e profissionais do setor.
Descoberta em 1967 durante trabalhos agrícolas e classificada como Imóvel de Interesse Público em 1970, a villa permanece encerrada ao público, com acessos degradados e sem investimentos significativos em conservação. Em declarações à Lusa, Regis Barbosa, presidente do STARQ, afirmou: “O quadro que saiu hoje daqui é muito negativo e deixou-nos preocupados, porque, se não houver uma ação, este sítio pode degradar-se e, daqui a algum tempo, podemos vir a perder muitos vestígios devido aos danos que este monumento sofre”. Barbosa destacou a exposição dos mosaicos, muros, hipocausto e termas às intempéries, agravada por chuvas recentes, que acelera a deterioração.
O STARQ criticou a falta de equipas permanentes e de infraestruturas adequadas, defendendo um plano de museologia e museografia para valorizar o sítio. “Todo este trabalho tem que ser feito e esse trabalho não é feito sem pessoas”, sublinhou Barbosa, apelando a vínculos laborais estáveis em vez de voluntariado ou contratos precários. O sindicato aguarda respostas da Universidade de Évora, responsável pela gestão do sítio, e da Câmara de Beja sobre medidas de manutenção, conservação e valorização.
A villa romana de Pisões, ocupada entre os séculos I a.C. e IV d.C., é um dos mais relevantes testemunhos romanos no concelho de Beja, com 48 divisões decoradas, termas privadas e uma piscina (natatio) de 40 metros, sendo uma das villas mais originais da Península Ibérica. Contudo, a falta de intervenções regulares e a vandalização do Centro de Acolhimento e Interpretação, em 2012, comprometem a sua preservação.
Fotografia de visitalentejo.pt