7 Fevereiro 2023      11:17

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Primeiro censo nacional de coruja-das-torres decorre até junho

O Laboratório de Ornitologia da Universidade de Évora (LabOr-MED) e a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) lançaram o primeiro censo nacional de coruja-das-torres, que tem como objetivo conhecer de uma forma mais aprofundada a distribuição e abundância, a nível nacional, desta espécie que, tal como acontece com outras aves típicas de zonas agrícolas, tem uma população que está a diminuir em Portugal.

O censo nacional decorre entre os meses de fevereiro e junho e, segundo os organizadores, todos podem participar nesta iniciativa, reportando, através da internet, os locais onde consigam ver ou ouvir corujas-das-torres e participando nos Fins de Semana das Corujas, que se realizam a 3, 4, 5, 10, 11 e 12 de março, à noite, “para ouvir o som inconfundível desta ave”, refere a Universidade de Évora.

Segundo a mesma fonte, os dados obtidos neste censo vão permitir aos especialistas conhecer melhor a situação desta espécie, que “desapareceu de cerca de metade da área que ocupava em Portugal continental” durante a última década e que já não existe “na metade oeste da ilha da Madeira nem nas ilhas Desertas”.

A tendência decrescente verificada neste período temporal é também confirmada pelo programa NOCTUA – Portugal, da SPEA, que conta com a participação de voluntários que se dedicam à monitorização das aves noturnas desde o ano de 2009. 

Inês Roque, investigadora no LabOr-MED e membro da coordenação do Grupo de Trabalho sobre Aves Noturnas da SPEA, citada pela Universidade de Évora, revela que “esta tendência negativa da coruja-das-torres é visível à escala ibérica e poderá estar relacionada com o desaparecimento dos locais de nidificação e com alterações das nossas áreas agrícolas, como a conversão de culturas tradicionais em culturas intensivas”.

A coruja-das-torres, que pode ser encontrada em áreas agrícolas, florestas pouco densas e zonas urbanas, é uma das sete aves de rapina noturnas existentes no país. Sendo uma espécie que está adaptada a viver junto às pessoas, nidifica frequentemente em edifícios, podendo o mesmo lugar ser ocupado durante várias décadas. Além disso, trata-se de uma ave que tem uma vocalização facilmente identificável (pode ouvir aqui).

Na sequência deste projeto, foi também criado um kit educativo, concebido especialmente para incentivar a participação das escolas e dos grupos organizados. O kit pode ser descarregado em https://corujadastorres.uevora.pt/, onde também são disponibilizadas mais informações sobre este censo nacional, que se realiza no âmbito dos projetos “Ciência para todos: sustentabilidade e inclusão (SCIEVER)” e “Ciência Cidadã – envolver voluntários na monitorização das populações de aves”.

O projeto “Ciência para todos: sustentabilidade e inclusão (SCIEVER)” tem financiamento da Comissão Europeia, através do programa MSCA and Citizens 2022. O consórcio, que conta com a liderança da Universidade de Lisboa, através do Museu Nacional de História Natural e da Ciência, inclui diversos parceiros, como a Universidade de Évora, que organizam a Noite Europeia dos Investigadores 2022-2023 em Lisboa, Braga, Coimbra e Évora. Este projeto promove também a iniciativa “Cientistas na Escola”, na qual se enquadra o kit educativo do censo nacional de coruja-das-torres.

O projeto “Ciência Cidadã – envolver voluntários na monitorização das populações de aves” tem financiamento do Programa Cidadãos Ativos/Active Citizes Fund (EEAGrants), um fundo composto por recursos públicos da Islândia, do Liechtenstein e da Noruega. Em Portugal, este fundo conta com a gestão da Fundação Calouste Gulbenkian em consórcio com a Fundação Bissaya Barreto. Este projeto conta com os parceiros Wilder – Rewilding your days e Norwegian Institute for Nature Research (NINA).

 

Fotografia de zoo.pt