3 Fevereiro 2023      11:21

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Nova entidade “dá voz” às PME do Alentejo e Huelva

Antonio Tristancho, presidente da Associação Transfronteiriça de PME e Trabalhadores Independentes Huelva-Alentejo

Uma associação transfronteiriça foi criada para “dar voz” às micro, pequenas e médias empresas (PME) e trabalhadores independentes do Alentejo e da província espanhola de Huelva, na Andaluzia, e captar mais recursos financeiros, nacionais e europeus.

Segundo a Lusa, a Associação Transfronteiriça de PME e Trabalhadores Independentes Huelva-Alentejo foi apresentada ontem, quinta-feira, em Serpa, numa cerimónia na Câmara Municipal, que juntou as organizações promotoras.

A entidade é uma iniciativa conjunta da Confederação Portuguesa de Micro, Pequenas e Médias Empresas (CPPME) e da União de Associações de Empresários e Trabalhadores Independentes da Andaluzia (UATAE) e visa gerar sinergias de ambos os lados da fronteira.

Antonio Tristancho, presidente da nova associação, afirmou que “é um instrumento, uma ferramenta para que possamos aproveitar os recursos de um lado e de outro da fronteira”, frisando que, desta forma, será possível “melhorar o território, a economia, o emprego e os negócios” dos empresários associados.

Para o responsável, é importante que os empresários e os trabalhadores independentes “tenham mais possibilidades, mais oportunidades de chegarem mais longe quando o mercado se esgota, quando não há mais possibilidades, temos de saber onde ir, onde chegar, ter apoios para continuar a produzir e a criar emprego e riqueza”.

E, se os empresários se unirem, é possível “chegar mais longe e aproveitar sinergias, linhas de negócio, apoios” que, de outra forma, nunca chegaram aos pequenos negócios, acrescentou.

Quando questionado sobre se a ideia é captar verbas do próximo período de fundos comunitários, Antonio Tristancho disse que “normalmente são as grandes plataformas, os grandes conglomerados empresariais [a beneficiarem de apoios comunitários] e isso não nos chega nunca”.

 O novo presidente assumiu que a associação transfronteiriça, que já tem à volta de 100 associados na zona de Huelva e também “um número importante” do lado alentejano, quer ter projetos próprios e capacidade de captar recursos que beneficiem as PME e os trabalhadores independentes.

Para que estes, assim, “tenham voz e protagonismo”, uma representação, “porque os grandes não representam os pequenos”, sublinhou.

Já Jorge Pisco, presidente da CPPME e um dos oradores na sessão, realçou que o programa Interreg Espanha-Portugal (POCTEP) 2021-2027 “é o maior programa de cooperação transfronteiriça da União Europeia” e tem previsto receber “mais de 320 milhões de euros”.

De acordo com o responsável, “se o objetivo central desta cooperação territorial é promover um desenvolvimento económico, social e territorial harmonioso nas regiões, então, há que não perder tempo e trabalhar para apresentar projetos” e concretizá-los.

Contudo, Jorge Pisco lembrou as dificuldades com que se debatem os micro e pequenos empresários em Portugal. Das 14 951 empresas do Baixo Alentejo, 14 621 são micro empresas, exemplificou, defendendo que, no país, é preciso que as PME tenham recursos e estabilidade económica para crescerem. “Criar relações transfronteiriças é um caminho a trilhar que em muito pode contribuir para o desenvolvimento das regiões e do tecido empresarial”, sustentou.

 

Fotografia de diariodehuelva.es