20 Maio 2019      08:58

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FLORBELA – A grande Poetisa do Alentejo

Esta imagem foi captada hoje. Dezenas de turistas em frente à Estátua de Florbela Espanca, na Praça da República, em Vila Viçosa.

Infelizmente, continua a verificar-se, em muitos casos, um desconhecimento total relativamente ao facto da grande poetisa ter nascido na "Princesa do Alentejo", no longínquo ano de 1894.

Nos últimos anos, tenho-me dedicado à recolha de informações sobre o universo da Família Espanca, em coleções públicas e privadas. Tenho encontrado muitos objetos que pertenceram à própria poetisa que se estão dispersos em diferentes lugares. O objetivo fundamental desta iniciativa consiste na criação de um projeto que permita a implementação de uma futura Casa-Museu de Florbela Espanca na localidade. Conforme explicitei noutras ocasiões, em Vila Viçosa temos espaços físicos (que poderiam albergar o projeto) e um acervo muito considerável de fotografias, objetos pessoais, pinturas de João Maria Espanca, peças de vestuário e documentação manuscrita variada, escrita pelo punho da própria Florbela.

Numa altura em que se defende que a Cultura e o Património são factores de coesão social e que podem ter um forte impacto económico do ponto de vista turístico, é incompreensível como Vila Viçosa esteja a deixar passar esta oportunidade em termos de desenvolvimento.

Florbela é uma figura incontornável da literatura portuguesa. A existência deste legado podia permitir a definição de uma estratégia que contribuísse também para o reconhecimento da sua obra, enquanto valor universal, tendo em conta as próprias circunstâncias em que desenvolveu a sua produção literária. Foi uma mulher diferente, ousada e irreverente, que rompeu com as regras que restringiam o papel da mulher na sociedade da época.

No sentido de salvaguardar esta memória e reabilitar a sua herança, procurei criar uma petição pública para a criação da Casa-Museu, candidatei um projeto ao orçamento participativo do Governo no passado ano (que não foi aprovado) e tenho contactado diversas instituições no sentido de obter apoio para esta causa, mas esse esforço tem sido em vão. Foram muitas as portas onde bati.

Ainda assim, tenho desenvolvido trabalho de campo, no sentido de identificar e inventariar as coleções “florbelianas”, com esperança de que no futuro seja possível a definição de um projeto museológico de qualidade, que permita uma maior visibilidade relativamente a Florbela Espanca e à divulgação da sua obra. O projeto integra diversas valências, nas que se incluem a requalificação da Biblioteca, a criação de um roteiro “florbeliano” e a realização de conferências e workshops.

É nosso dever, enquanto Calipolenses, manter viva a memória de Florbela Espanca e defender o seu espólio e o seu legado literário. Temos um longo caminho a percorrer. É importante manter vivo o diálogo com as Instituições e com os colecionadores privados, de modo a que todos adiram a esta causa. Seguramente que esta iniciativa terá viabilidade cultural e enriquecerá ainda mais a oferta patrimonial existente em Vila Viçosa. Os projetos do sector hoteleiro que se anunciam a curto prazo, trarão seguramente mais turistas, ávidos de um maior conhecimento sobre a nossa identidade.

Há um fluxo turístico desejoso de saber mais sobre Florbela que está nitidamente subaproveitado.

Estaremos capacitados para uma resposta eficaz, do ponto de vista da qualidade da nossa oferta cultural?

O projeto da Casa-Museu de Florbela Espanca seria um complemento muito importante neste âmbito. Temos uma realidade patrimonial muito singular, excepcional e relevante do ponto de vista histórico, que poderia ser aumentada com esta iniciativa “florbeliana”. Basta que todos se unam em torno desta causa.

 

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