7 Janeiro 2016      10:46

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AS CRIANÇAS E OS ANIMAIS

Muitos adultos pensam que as crianças não devem estar em contato com os animais. Porquê? Por ideias preconcebidas dos adultos, pelo medo das crianças serem magoadas ou mordidas, pela transmissão de doenças, pulgas ou outras razões.

A verdade é que as crianças podem e devem ter uma interação positiva com os animais. Como? Prevenindo os medos dos pais ou cuidadores com a desparatização ou vacinação dos animais com quem estarão em contato e ensinar às crianças como devem lidar com os animais, para que estas não entrem em conflito com o temperamento, o comportamento,o instinto dos animais, etc.

Quando um animal fica aos cuidados de uma criança, o adulto deve dar instruções claras e concretas sobre as necessidades dos animais, como por exemplo, a alimentação adequada , qual e como deve ser o espaço designado para o seu repouso, os seus passeios, os cuidados de higiene a ter e informar acerca dos hábitos e comportamentos típicos de cada animal.

Após a criança receber as orientações do adulto, deve procurar estabelecer de forma calma e gradual uma relação com o animal, seja este, cão, gato, tartaruga, hamster ou outro animal. É de salientar a importância do toque, do olhar, do olfato,dos movimentos a adotar , do respeito pelo espaço e tempo do animal para a sua adaptação aos seus cuidadores.

Pergunta-se: "Mas porque é que é tão importante para as crianças estarem em contato com os animais?" O convívio com os animais promove o desenvolvimento físico, social, emocional e cognitivo da criança.

- Desenvolvimento Físico

O contato com animais desde os primeiros anos de vida , ao contrário do que muitos adultos temem, pode ser bastante benéfico para a criança, uma vez que proporciona o desenvolvimento do sistema imunológico, ajudando a criança a desenvolver as suas defesas.

Os animais podem tornar-se num forte incentivo para as crianças correrem mais e colocarem em prática as suas capacidades motoras, como por exemplo: pular, esconderem-se, atirarem objetos, etc. Presentemente, as crianças são muito sedentárias e o facto de terem um companheiro com quem podem passear, brincar e interagir é muito importante. A maioria dos animais domésticos necessita de ser passeados. Esta atividade possibilita à criança a exploração e melhoria do seu contacto e interação com o exterior e com a natureza envolvente. É claro que estas atividades devem ter cuidados especiais e estão dependentes da idade da criança e pressupõem a supervisão de um adulto.

- Desenvolvimento Social

Os animais funcionam como fantásticos facilitadores sociais. Sabia que as crianças têm uma maior tendência para se aproximarem e interagirem com outra criança que esteja a brincar com um animal? Muitas vezes os animais podem facilitar a interação entre crianças introvertidas e/ou menos extrovertidas.

Além disso, um bom relacionamento com os animais pode contribuir para uma melhoria da socialização através do desenvolvimento da comunicação não-verbal, do respeito, da compaixão e da empatia. As crianças que interagem com os animais têm uma maior tendência para o companheirismo, são mais afetuosas e altruístas, reconhecem e conseguem exprimir com maior facilidade as suas emoções.

- Desenvolvimento Emocional

A interação entre as crianças e os animais promove o desenvolvimento emocional em vários aspectos, sobretudo na promoção de competências emocionais como a autoestima, a autoconfiança e a responsabilidade.

De uma forma geral, as crianças que cuidam de um animal aprendem a realizar e cumprir tarefas, a serem responsáveis e a assumirem um compromisso. O facto de uma criança conseguir cuidar de um animal a seu cargo aumentará a sua noção de autoeficácia, autoconfiança e de responsabilidade face a algo tão importante que é tratar e cuidar de outra vida. Obviamente que mediante a faixa etária da criança e da espécie do animal doméstico escolhido, o seu grau de responsabilidade face ao animal deve ser coerente e adequada.

Por exemplo: Aos 3 anos de idade, as crianças podem ajudar os pais a encherem uma taça com ração, usando para o efeito uma colher grande. Aos 5 anos de idade, a criança pode assumir tarefas básicas de higiene como, por exemplo, ajudar a limpar a área de estar do animal (varrer ou arrumar objetos). A partir da idade escolar, as crianças podem começar a passear um cão de forma mais independente. Na adolescência, a criança provavelmente já terá capacidade para assumir uma maior responsabilidade face ao animal e aos seus cuidados.

- Desenvolvimento Cognitivo

Ao longo do crescimento das crianças podemos descobrir que o seu gosto por determinadas espécies, raças ou distintos animais pode variar assim como o conhecimento sobre cada um. Muitas vezes os animais podem ser um forte incentivo para o seu filho a ler, pesquisar ou ver vídeos pedagógicos sobre o seu animal favorito ou outros animais pelos quais demonstre curiosidade. Esta atividade pedagógica pode ajudar bastante no desenvolvimento cognitivo da criança, especialmente no âmbito da aprendizagem e motivação.

Quando é o momento certo para ter um animal de estimação?

Tudo depende das suas condições, possibilidades financeiras, espaço para abrigar e permitir uma vida saudável e confortável ao animal, dinâmica familiar, entre outras razões a ter em conta nesta decisão. É de salientar que quando tomar a sua decisão deve ter em conta os seguintes fatores: a idade e a capacidade de responsabilidade da criança assim como a orientação e supervisão dos pais e ou cuidadores da criança. Lembre-se que um animal não é um brinquedo e transmita este pensamento para a criança, ensine-o a cuidar e apreciar outra vida.

 

Joana Fialho, Psicóloga Clínica e colaboradora na Sociedade do Bem

Imagem de capa daqui.