1 Abril 2016      14:29

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TÂNIA COSTA NEVES: TENHO A CULTURA ALENTEJANA MUITO ENRAIZADA EM MIM

Chama-se Tânia Costa Neves, Eborense, é Designer e criadora da LOOM New.Tradition, um projeto que nasceu da necessidade de reencontrar uma nova identidade nas raízes culturais, desenhando peças de vestuário únicas e com significado a partir de mantas alentejanas, aliando a tradição artesanal e design contemporâneo. 

Tribuna Alentejo – A LOOM New.Tradition nasceu em 2015 em terras alentejanas. Qual é a tua ligação ao Alentejo?

Tânia Costa Neves - Nasci em Évora, sou filha de alentejanos, tenho a cultura alentejana muito enraízada em mim, principalmente pela influência dos meus avós paternos, mas só tive essa consciência quando recentemente voltei a residir em Évora.

 

Tribuna Alentejo – O design sempre fez parte da tua vida? O gosto por criar e recriar sempre esteve presente?

Tânia Costa Neves - O conceito Design só chegou à minha vida durante a adolescência, na escola, mas sim, desde muito cedo que revelei o gosto pela artes no geral.

Tribuna Alentejo – Que papel teve a tua formação em Design neste projeto em particular?

Tânia Costa Neves - A faculdade de Design capacitou-me a saber explorar e a desenvolver as ideias de uma forma estruturada, sempre com o objectivo de que as mesmas pudessem ser exequíveis, assim como a desenvolver uma cultura visual rica, que nestas áreas é fundamental para a diferenciação do produto.

Tribuna Alentejo – Em que circunstâncias nasceu a LOOM? Como surgiu a ideia de criar peças de vestuário a partir de mantas alentejanas?

Tânia Costa Neves - Eu sempre gostei de costura, comecei em 2006 a coser bonecos de pano para os amigos, os "mini-Mynimos", primeiro à mão e depois à máquina, mas por questões profissionais não me dediquei muito a esta área. Foi então, que em 2014, quando colaborei com a Burel Factory a vontade reapareceu, a Isabel Dias da Costa (Criadora da Burel Factory) foi uma grande inspiração para mim e quando saí, vinha determinada a desenvolver o meu próprio projecto. Comecei por confeccionar capas em burel, mas por ser um material serrano, assim como o facto de já estar a ser explorado por outros designers, levou-me a procurar um outro material. Ter regressado ao Alentejo foi determinante para a escolha da manta alentejana e consequentemente para o tear.

 

Tribuna Alentejo – O que significa para ti a Loom? Como defines esta marca?

Tânia Costa Neves - Sempre quis ter um projecto pessoal que envolvesse design e o saber fazer à mão, assente em valores como a sustentabilidade e responsabilidade social ("quality over quantity") o chamado "Slow fashion", cujo intuito é promover o bem-estar dos indivíduos, da sociedade e do meio ambiente. A LOOM New.Tradition agrega todos estes conceitos o que me deixa muito orgulhosa.

Tribuna Alentejo – Os coletes... casacos... são peças únicas? Fala-nos um pouco do processo desde a criação à confecção.

Tânia Costa Neves - Sim, cada peça é única. Numa primeira fase e depois de definidos os desenhos que vão compor a manta, escolhem-se as cores, o tipo de lã, grossura do fio para a teia e trama, etc. Depois de tecida, a manta está preparada para ser talhada seguindo os moldes já desenvolvidos préviamente. De referir que todo este processo, foi conseguido com a precisosa ajuda das tecelãs Isabel Cartaxo e Teresa Branquinho, assim como do Atelier Agulhas e Alfinetes, onde as costureiras Célia e Paula são as proprietárias e trabalham.

 

Tribuna Alentejo - Onde podemos adquirir as peças de vestuário da LOOM? É possível comprar online?

Tânia Costa Neves - Sim é possível, neste momento existe uma loja on-line através do site Etsy, que pode ser acedida pela página do Facebook da LOOM.

Tribuna Alentejo – O que te dizem as pessoas que vêem as tuas criações pela primeira vez?

Tânia Costa Neves - Adoram! E ficam impressionadas quando percebem que é possível confeccionar peças de vestuário a partir de uma manta.

 

Tribuna Alentejo – Qual será o próximo passo?

Tânia Costa Neves - Neste momento a produção não está a decorrer com a velocidade como gostaria, essencialmente por falta de "input" financeiro. Estou a concorrer a vários concursos impulsionadores de potencial criativo português. Espero que a LOOM poder vir a ser um dos vencedores.

Tribuna Alentejo - Há alguma sugestão que queira deixar a outras empreendedoras deste nosso Alentejo?

Tânia Costa Neves - Não percam tempo. Se têm alguma ideia em mente, acima de tudo, foquem-se em desenvolvê-la.

 

O projeto pode ser visto em https://www.facebook.com/loomnewtradition